Justiça e Injustiça Social e Saúde Mental

quinta-feira, 21 de março de 2019

Estressa viver numa realidade de injustiça. Precisamos lutar contra o egoísmo existente em todos nós. O presidente norte-americano parece não se importar com o aquecimento global porque ele tem ar refrigerado em qualquer lugar, no carro, na sua mansão, na Casa Branca, no avião presidencial, etc. Ele não tem interesse em programas que favorecem o desaquecimento global porque isto implica tirar conforto dos norte-americanos e, claro, dele mesmo. Como podemos chamar esta atitude? Injusta? Egoísta? Arrogante?

O presidente Bolsonaro disse que acabará com radares de multas nas rodovias. Isto é justo e bom para a população? Não, porque nós brasileiros, somos imprudentes no trânsito e grande parte de acidentes de veículos, vários fatais, tem a ver com imprudência do motorista, ao dirigir sob influência do álcool, ultrapassar em local proibido, excesso de velocidade, etc.. Eliminar todos os radares de multa não é o melhor.

Por outro lado, eliminar alguns radares é justiça e alívio do abuso contra a população pela existência de radares sem placas de aviso, e placas de aviso sobre fiscalização eletrônica sem a presença de radares. A primeira parece crime doloso, a segunda é mentira (a placa diz que tem radar, mas não tem). Mentir educa?

Quem viaja de Nova Friburgo seguindo pela RJ-116 em direção ao Rio de Janeiro, passa por um radar (“pardal”) perto de uma clínica de recuperação de dependentes químicos, poucos quilômetros após a cidade de Cachoeiras de Macacu. O radar está há vários anos oculto por galhos de árvores de modo que só é visível quando se passa em frente a ele. Cerca de dois anos atrás mandei mais de um e-mail para a concessionária dos pedágios daquela rodovia, solicitando uma providência. Após um jogo de empurra com o DER, me disseram que iriam fazer a poda. Fizeram? Não. Conversei sobre o assunto com um engenheiro do DER. Resolveu? Não.

O presidente Bolsonaro acertaria se tomasse a decisão de terminar com estes radares clandestinos e injustos, e se mantivesse os que protegem a população, propondo uma lei que proibisse ter radar sem placas avisando, e proibindo ter aviso sem ter o radar ali.

A TV mostrou um viaduto em São Paulo com vários radares instalados nele, numa avenida com muito fluxo de veículos. Antes do viaduto a velocidade permitida é uma, e logo após o viaduto é menor. Você vem dirigindo numa velocidade permitida e de repente, após o viaduto o limite da velocidade permitida diminui. O motorista não vê as câmeras dos radares porque elas estão posicionadas do outro lado do viaduto, fixados na sua estrutura. O que você acha que a equipe que pensou e autorizou isto tem na cabeça?

Vi um documentário de que irão implantar um sistema de vigilância nas estradas de modo que policiais usarão (ou já está em operação?) um equipamento que pode ver os dados da placa de qualquer veículo, mesmo de longa distância. No documentário os agentes de trânsito operando o novo equipamento comentavam entre si quando um passageiro estava com uma mão só no volante, dizendo que aquilo é proibido e que aquele veículo seria multado. Imagina! Se você está dirigindo e cai um cisco no seu olho, e você coça o olho para voltar a ver bem, e por isso precisa momentaneamente estar somente com uma mão ao volante. O agente de trânsito vê isto com o equipamento sofisticado, e aplica uma multa. Isto é justo?

Quando o governo entrega uma rodovia para uma empresa particular explorar pedágio, esta empresa assume a estrada como ela está, ou o governo a entrega após fazer reforma geral? O que é justo nisto?

O governo de um município elimina um monte de vagas de carros no centro da cidade e nos arredores, com a ideia de incentivar transporte solidário, uso de coletivos, e bicicletas, o que é louvável. E as ciclovias? E o monopólio de uma única empresa de ônibus na cidade? É justo isto?

Rollo May, ex-presidente da Associação Norte-Americana de Psicologia, num de seus livros, comenta que o povo, diante de injustiças assim, e tantas outras, passa a ter uma atitude que ele denominou de “cinismo social”. As injustiças sociais adoecem a população.

 

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César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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