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Infidelidade conjugal: prazer ou dor?
quinta-feira, 25 de abril de 2013
Uma pessoa casada pode não ser nutrida afetivamente pelo cônjuge, gerando aumento do vazio no interior dela, vazio esse que já devia existir em parte pelas perdas afetivas do passado infantil. Fica faltando um senso de importância, de valor, perturba a autoestima. A infidelidade pode ser a busca disso. Mas é um caminho de prazer ou de dor?
O casamento deve se tornar um lugar onde marido e mulher conseguem obter e dar apoio, ajuda para aliviar as feridas que cada um trouxe de seu passado para dentro do relacionamento conjugal. Lee Ezell, em seu livro “Só Para Mulheres”, diz que a mulher inteligente informa ao seu marido do que ela sente falta ao invés de ficar calada, se frustrar, se isolar e depois ir buscar isso fora.
A mídia passa ao longo dos anos a ideia de que a infidelidade conjugal é normal quando parece ter acabado o amor no casal. Muitos são influenciados por essa ideia perversa e acabam conceituando de normal o que é ética, moral e psicologicamente doentio.
Para resolver bem problemas conjugais, o casal deve ser ajudado a melhorar a compreensão mútua, a comunicação, a sexualidade, a amizade, o respeito, a intimidade. Aquele que sentiu falta disso e não buscou ajuda, não tentou resolver tais necessidades construtivamente, não resolverá seus problemas ao se envolver com outra pessoa, porque isto não se resolve com relação extraconjugal, pois ela mascara o problema.
A sensação de prazer afetivo e/ou sexual que se instala na relação infiel pode ser apenas temporária. Se os amantes fossem viver juntos diariamente, pode ser que os problemas de personalidade de cada um surgiriam e mostrariam que o prazer existe apenas quando os encontros são rápidos e cheios de sensualidade. É fácil viver o prazer em tais condições. Mas por que cada amante não consegue viver o mesmo prazer com seu cônjuge? Será o cônjuge alguém tão frustrante, conforme cada amante pode dizer que é?
Autores sobre casamento dizem que quem vive uma infidelidade está, naquele período de sua vida, vivendo uma espécie de insanidade. O Dr. Ed Wheat, em seu livro “O Amor Que Não Se Apaga”, diz: “...as pessoas que estão enredadas pela paixão e envolvidas num caso extraconjugal estão sofrendo de um tipo de insanidade temporária. Elas não conseguem pensar com clareza; podem comportar-se de maneira totalmente irresponsável, parecendo estar além do alcance de qualquer julgamento normal.” Lee Ezel cita: “As pessoas famintas e sedentas podem se tornar angustiadas e irracionais por causa de seu desejo. Em seu desespero, tentam satisfazer suas próprias necessidades por meios não apropriados. Uma sede muito grande pode levar-nos a beber de águas insalubres.” (p.72)
Pense: se o amante fosse realmente uma pessoa perfeita, “o grande amor da vida”, por que seu cônjuge o rejeitaria?
Ezel comenta: “Uma das razões fundamentais por que vale a pena lutar pela compatibilidade conjugal é que as alternativas são arrasadoras. É melhor resolver os problemas enquanto estão pequenos do que enfrentar um maior distanciamento, infidelidade e, por fim, o divórcio – e levar esses mesmos problemas para os relacionamentos seguintes.”
Já pensou que se você tem um(a) amante casado(a), por ser infiel, pode ser infiel a você? Dá para confiar na pessoa que não é digna de confiança com seu cônjuge verdadeiro?
Em 2012 a revista Turma da Mônica Jovem (edição comemorativa nº 50) levou os fãs a suspirar com a história de 132 páginas “O casamento do século”. Os personagens Mônica e Cebolinha, que se desentendiam na infância, nas histórias clássicas criadas por Maurício de Souza, cresceram, começaram a namorar em 2011 e se casaram no fim de 2012. Infelizmente, poucos meses após o “casório” há uma cena na capa da edição 54 (“Cheia de onda”), em que Cebolinha e Cascão, acompanhados da esposa/namorada, dão uma espiada paqueradora na nova personagem, Amanda, vestida de biquíni. Que mensagem passa para as crianças e adolescentes essa revista de sucesso? Ela sutilmente promove a infidelidade. É realmente uma pena, tristeza e maldade.
Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
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