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Há um perfil psicológico de estupradores?
quinta-feira, 11 de julho de 2013
Estupro é forçar alguém a ter sexo, por meio de violência ou forte ameaça de qualquer natureza, por pessoas de ambos os sexos. Não dá para reduzir a causa a um só fator. Pode haver predisposição genética para a agressividade que, junto com traumas psicológicos ou frustrações na vida, especialmente na infância, pode levar à violência na vida adulta.
O estuprador pode ser portador de Transtorno de Preferência Sexual (sadismo), distúrbio de caráter de difícil solução. Atinge de 45% a 66% entre presidiários.
Do ponto de vista estatístico, não como diagnóstico, autores falam da tríade de sintomas que podem indicar a possibilidade do indivíduo se tornar um estuprador ou violento na vida adulta. A tríade é composta de comportamentos em crianças: (1)Piromania (mania de colocar fogo nas coisas); (2)Enurese noturna (voltar a urina na cama quando já havia aprendido a controlar a necessidade de urinar), e (3)Crueldade para com crianças e animais. Alguns estupradores vieram de famílias muito violentas, mas nem todos.
Estupradores geralmente se deixam levar por fantasias, e podem vir de qualquer classe social e de qualquer nível cultural. A ideia de que um estuprador é um indivíduo esquisito, que tem um olhar macabro, é irreal. Externamente é como qualquer pessoa. E o problema destas pessoas violentas não começa com o crime que elas comentem. Elas já apresentam algum tipo de alteração comportamental no passado.
Dentre as causas que levam uma pessoa a ser um estuprador, há o estresse, conflitos familiares graves, desemprego, imaturidade, claro, que não justificam o crime. E a intenção dele é agredir, ferir, humilhar, e olha a mulher como um objeto dele, e a crença na mente dele é que podem fazer com ela o que quiser. Por isso recomenda-se que se uma mulher ao ser ameaçada por um estuprador, comece a falar coisas que produzem personificação dela, pois isso em geral desarma a violência. Ou seja, ela pode começar a dizer coisas como: "Eu sou Maria. Moro na rua X, tenho dois filhos, meu marido chama-se fulano…” Com isso o estuprador pode começar a sair do mundo da fantasia de que ali há um objeto e começar a pensar que é uma pessoa.
Sarah Ben David, criminalista israelense, estudou 57 casos de estupro e verificou que somente três dos estupradores tiveram sentimentos de culpa e eram os únicos que enxergavam a vítima como uma pessoa.
Estes sociopatas têm desprezo pelas obrigações sociais, leis e falta de consideração com sentimentos alheios, egocentrismo muito doentio, emoções superficiais, teatrais e falsas, pobre ou nenhum controle da impulsividade, baixa tolerância para frustração e derrotas, baixo limiar para descarga de agressão física, irresponsabilidade, falta de empatia com pessoas e animais, falta de remorso e de culpa quanto ao seu comportamento. São sedutores, cínicos, manipuladores. Ao perceberem que suas atitudes estão sob avaliação, reprovação ou questionamento, mudam seu estilo de vida para afastar as suspeitas sobre si. Exemplo: casam-se de repente, frequentam igrejas, etc..
Psicopatas mentem demais, sem constrangimento ou vergonha. Ao narrarem fatos, usam contextos baseados em acontecimentos verdadeiros, mas manipulados conforme seus interesses, se tornando bem convincentes. Roubam, abusam, manipulam dolosamente familiares, parentes e amigos. Seduzem parceiros para convencê-los a fazer algo em seu lugar, evitando prejuízo a si mesmos. Maltratam animais sem dó. E dificilmente conseguem aprender com a punição e modificar suas atitudes.
Fingem bem comportamentos tidos como exemplo de ética social e são capazes de fingir crenças ou hábitos para se infiltrarem em grupos sociais ou religiosos para ocultar seu verdadeiro caráter doentio.
Quando percebem que foram descobertos, saem de cena, mudam de residência e procuram estabelecer novos vínculos sociais com pessoas que desconheçam seu comportamento patológico.
Como evitar o estupro? Evitando a formação do estuprador. Como fazer isto? Criando filhos com uma equilibrada combinação de limites, afeto, valorização, disciplina não ditatorial mas também não frouxa, princípios espirituais equilibrados, exemplo dos pais como pessoas não violentas e honestas, exigir das crianças obediência e respeito pelas autoridades, permitir o diálogo e a expressão de sentimentos difíceis, etc.
Parte editado do verbete da Wikipédia para "Transtorno de Personalidade Antissocial”

Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
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