Guevedoces – pênis aos 12 anos de idade

quinta-feira, 07 de dezembro de 2017

Dra. Julianne Imperato-McGinley, professora e pesquisadora da Faculdade de Medicina Cornell, Nova Iorque, foi para uma cidade da República Dominicana em 1970 estudar um fenômeno na especialidade dela, endocrinologia, no qual meninos tinham deficiência hormonal genética, retardando o desenvolvimento do pênis, bolsa escrotal e testículos.

Sendo uma condição genética rara, os guevedoces são meninos que nascem sem pênis, o qual surge aos 12 anos de idade. Uma em cada 90 crianças da República Dominicana cresce crendo que é menina por nascer com órgão genital semelhante a uma vagina, mas aos 12 anos de idade, o pênis, testículos e a bolsa escrotal surgem e o desenvolvimento psicológico destes meninos, segue como de qualquer indivíduo do sexo masculino.

Nos estudos da dra. Julianne com os guevedoces descobriu porque eles só desenvolviam o pênis só aos 12 anos de idade. Quando uma pessoa é concebida, logo após a fecundação do espermatozóide com o óvulo no útero materno, ela normalmente tem um par de cromossomos XX se for mulher e um par de cromossomos XY se for homem. Com oito semanas de gestação surgem os hormônios sexuais. Antes disto o embrião não é homem e nem mulher, mesmo que em ambos os mamilos comecem a surgir.

Se o embrião que passa a ser feto à partir da oitava semana de gestação, possui o cromossomo Y, este cromossomo ativa a formação inicial das gônadas (órgãos sexuais que no homem são os testículos e na mulher os ovários) para que se tornem testículos e manda testosterona para uma estrutura no feto chamada tubérculo. Em seguida a testosterona é convertida em dihidrotestosterona, sob ação da enzima 5-alfarreductase, e transforma o tubérculo em um pênis. Se o embrião, na oitava semana de vida intrauterina, será uma mulher, não ocorre a produção do hormônio dihidrotestosterona, e o tubérculo passa a ser o clitóris, então teremos, à partir daí, um feto do sexo feminino.

O que acontece com os meninos guevedoces, segundo os estudos da dra. Julianne, é que o fato deles não terem genitália masculina (pênis e bolsa escrotal com os testículos) no nascimento, ocorre pela deficiência genética da enzima 5-alfarredutase. Assim, os meninos, apesar de terem cromossomos XY, parecem meninas quando nascem.Ao chegar na puberdade ou início da adolescência, ocorre normalmente uma segunda produção forte de testosterona, daí o corpo responde com o aparecimento de músculos no formato masculino, bolsa escrotal, testículos e pênis.

Interessante observar que as crianças guevedoces, mesmo tratadas como meninas desde o nascimento até o início da adolescência, após surgirem o pênis e a bolsa escrotal com testículos, seguem um desenvolvimento e comportamento masculino como qualquer homem. A dra. Julianne observou que antes dos 12 anos de idade, os guevedoces preferiam brincadeiras de meninos mesmo criados como meninas, e concluiu que os hormônios no útero têm um papel mais decisivo sobre a orientação sexual do que o tipo de educação recebido. A maioria destes adolescentes aceita a mudança em seus corpos e segue a vida como homem, e uma minoria passa por cirurgia para seguir como mulheres.

As informações do trabalho da Dra. Juliane sobre os guevedoces são do médico e jornalista Michael Mosley em reportagem para a BBC de Londres em 21 de setembro de 2015 com o título: “Guevedoces: o estranho caso das 'meninas' que ganham pênis aos 12 anos”. (www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/09/150921_meninos_puberdade_lab)

Pamela Puppo cientista, formada em Ecologia na Universidade La Molina National Agrarian em Lima, Peru, com mestrado em Plant Systematics na Universidade de Missouri-St. Louis, EUA, e doutorado em Biodiversidade, Genética e Evolução na Universidade do Porto (2015), trabalha no Projeto Metagenômica Ambiental na Cibio/InBio desde 2016, um centro de pesquisas em biodiversidade e biologia evolucionária. (https://cibio.up.pt). Em artigo publicado em 7 março no site www.posicion.pe, com o título “Sobre a ideologia de gênero”, comentou: “Não aceitar ideologia de gênero não é discriminação, não é ser intolerante nem homofóbico, … é simplesmente biologia”. Mais adiante afirmou: “o fato de nascer homem ou mulher não é um fato cultural, é biológico”. Ela adverte: “a ideologia de gênero não promove a igualdade entre os sexos; a ideologia de gênero promove a assexualização do ser humano”. “…é uma corrente de pensamento, não uma teoria científica, muito menos uma evidência científica, sustenta que os seres humanos são ‘neutros’ quando nascemos e podemos escolher se queremos ser homens, mulheres ou uma combinação de ambos quando crescemos.” E ela complementa:“o sentimento não supera a natureza … a igualdade não é conquistada negando nossas diferenças sexuais; a igualdade é alcançada por meio do respeito às diferenças de cada sexo, e o que cada sexo contribui para a sociedade”.

TAGS:
César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.