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Guerra contra a fitoterapia? - 2 de dezembro.
Parte 2 de 5
Na primeira parte dessa série de artigos, coloquei algumas referências científicas sobre a fitoterapia, tentando mostrar que há cientificidade nela e que não se trata apenas de “chazinho”, refutando a ideia de que somente medicamentos sintéticos são eficazes.
Mais de 770 mil pessoas se acidentam ou morrem a cada ano em hospitais por causa de efeitos adversos pelo uso de medicamentos alopáticos, que podem custar cerca de 5,6 milhões de dólares por ano por hospital, dependendo do tamanho do hospital. A fonte é do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (veja em http://www.ahrq.gov/qual/aderia/aderia.htm).
Não sou contra remédios alopáticos. Prescrevo-os para meus pacientes. Mas procuro fazer isso o mínimo possível, por um tempo o mais curto possível, na menor dosagem eficaz possível. Minha meta sempre é tentar ajudar as pessoas a aprenderem a lidar com sua dor emocional de maneira construtiva e, assim, conseguirem eliminar as desnecessárias, para evitar que fiquem dependentes de qualquer remédio, fitoterápico ou não. Meu alvo, com meus pacientes, é medicação zero, e entendo que nem sempre isto é possível, por razões variadas.
Nunca disse categoricamente para nenhum paciente meu que ele teria que tomar este ou aquele medicamento o resto da vida. Por que não faço isso? Porque simplesmente não sei se a pessoa irá mesmo precisar da medicação o resto da vida! Pode ser que alguns pacientes precisarão usar sempre, mas não sei o que pode ocorrer mais adiante na vida deles em termos de mudança emocional. Alguns casos ficam fora das estatísticas e surpreendem positivamente. Alguns indivíduos melhoram com, sem ou apesar da medicação. Alguns melhoram ao pararem a medicação que estava produzindo mais efeitos colaterais do que curativos. E outros melhoram passo a passo, em uso de algum psicofármaco, mas tendo que fazer algo além do comprimido para obterem o alívio desejado e recuperação emocional. Remédio não resolve tudo.
Em 2005 fiz um programa de um ano de fellowship (treinamento médico) nos Estados Unidos, numa instituição que tem um Centro de Vida Saudável e um pequeno hospital onde priorizam tratamentos naturais, com hidroterapia, fitoterapia, exercícios físicos, geoterapia, vegetarianismo (vegan), eliminação de substâncias tóxicas como o álcool, tabaco e bebidas cafeinadas, reeducação alimentar, respiração adequada, redução do estresse, repouso nas horas apropriadas, desenvolvimento de confiança, serenidade, esperança. Lá os pacientes que mais rápido respondem são os diabéticos, hipertensos, deprimidos, imunodeprimidos, obesos, ansiosos, os com dislipidemia (colesterol alto), etc. O site desta instituição é: www.wildwoodhealth.org. Ela fica na fronteira entre a Georgia e o Tennessee.
Os resultados com fitoterápicos são eficazes para uma série de doenças. Temos que lembrar que os mesmos remédios (botânicos ou sintéticos) produzem resultados diferentes para pessoas diferentes. Pacientes meus passaram muito mal, por exemplo, com Rivotril, enquanto outros se deram muito bem com ele. Alguns deprimidos responderam bem com o Hipérico, enquanto com outros não houve resposta boa. Aliás, o Hipérico, ou Erva de São João (Hypericum perforatum), está indicado como fitoterápico para depressões leves, podendo ser tão eficaz em algumas pessoas como os antidepressivos sintéticos, mesmo os de última geração. Mas pode não funcionar bem para depressão moderada e parece que não funciona na depressão grave.
Continua no próximo artigo.
Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
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