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Gravidez na adolescência: pense bem
Gravidez na adolescência: pense bem
Segundo a WHO – Organização Mundial da Saúde, dados de 2014 mostraram que no mundo cerca de 16 milhões de garotas entre 15 e 19 anos e cerca de um milhão de garotas abaixo dos 15 anos de idade dão à luz a cada ano, a maioria em países de baixa a média renda (95% dos casos). No Brasil o número de crianças nascidas, de mães adolescentes entre 10 e 19 anos, representa 18% dos três milhões de nascidos vivos no país em 2015, e 66% das gravidezes em adolescentes brasileiras são indesejadas. Parece que houve uma queda neste tipo de gravidez em 17% no Brasil entre 2004 e 2015, felizmente.
Complicações na gravidez e na ocasião do nascimento da criança são a segunda causa de morte de adolescentes entre 15 e 19 anos. Cada ano cerca de três milhões de garotas nestas mesmas idades se submetem a abortos arriscados. Bebês nascidos de mães adolescentes têm mais chances de morrer do que os nascidos de mulheres com 20 anos de idade. Há uma diminuição, ainda que desigual, na taxa de nascimentos entre adolescentes desde 1990, porém cerca de 11% de todos os nascimentos no mundo ainda são de garotas entre 15 e 19 anos de idade.
Em 2014 as estatísticas de saúde mundial indicaram que a média de nascimento global entre 15 e 19 anos de idade foi de 49 por cada 1.000 garotas. A taxa maior foi encontrada na região do sub-Saara, na África, com 299 nascimentos de bebês em cada 1.000 adolescentes.
Em algumas culturas no mundo as adolescentes sofrem pressão social para casar e logo terem filhos. Mais que 30% das garotas de países de baixa e média renda se casam antes dos 18 anos e cerca de 14% antes dos 15 anos.
Algumas adolescentes não sabem como evitar a gravidez porque a educação sexual é carente em muitos países. Elas podem se sentir inibidas ou envergonhadas em procurar métodos para evitar a gravidez, ou eles podem ser caros para os pobres, ou não legalizados. Adolescentes usam menos proteção contra a gravidez do que adultos. As meninas podem se sentir incapazes ou incompetentes de resistirem ao sexo indesejado ou coercitivo e elas podem ser ajudadas a evitar gravidez indesejada quando instruídas devidamente de que os rapazes que prometem amor, carinho, proteção, e parecem apaixonados, podem estar fissurados no corpo da garota e não na pessoa dela. Eles a pressionam para ter sexo em nome do “amor”, quando a verdade é que eles não aprenderam (ainda) a lidar com sua excitação. Claro, tem garota que cede porque ela também quer sexo. Os adolescentes, como escreveu a sexóloga Marta Suplicy no livro “Conversando sobre sexo”, estão prontos anatomicamente para terem sexo, mas não estão preparados emocionalmente para isto.
Quanto mais jovem é a mãe, maior o risco para o bebê morrer precocemente. Bebês de mães menores de 20 anos têm 50% a mais de chance de morrer nas primeiras semanas de vida comparados com os nascidos de mães entre 20 e 29 anos. Complicações sociais e econômicas da gravidez na adolescência levam as garotas grávidas a interromperem os estudos, o que, por sua vez, as prejudica no encontro de um bom emprego. Em 2015 no Brasil nasceram 546.529 bebês de jovens entre dez e 19 anos. (Sinasc- Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos, Ministério da Saúde). Imagine quantas destas quase 550 mil garotas tiveram que interromper seus estudos por causa disto!
Distribuir preservativos durante festas como Carnaval para prevenir doenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada é uma atitude superficial. Importante é oferecer educação sexual nas escolas de modo ético, útil, conservador, passando valores nobres para a sexualidade humana ao invés de banalizá-la e distorcê-la. Adolescência não é época para sexo. É momento para estudar e começar algum trabalho para buscar um futuro com melhor qualidade de vida. A parte mais fundamental na educação sexual dos adolescentes precisa vir da família, dos pais.
Há muitas pessoas brilhantes na vida acadêmica, profissional, social, na vida adulta que não tiveram sexo na adolescência. Não tem base científica a ideia de que o jovem precisa de sexo na adolescência para se preparar para uma vida sexual boa no casamento. Pelo contrário, uma grande parte de separações, divórcios, ocorrem em jovens que transaram muito na adolescência e por isso, não aprenderam a ter um relacionamento afetivo não-erótico. Juventude é o momento para aprender a amar, a respeitar as pessoas, estudar, respeitar o próprio corpo. Fontes: www.who.int/mediacentre/factsheets/fs364/en/http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/principal/agencia-saude/28317-gravidez-na-adolescencia-tem-queda-de-17-no-brasil
Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
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