Foi injustiça!

quinta-feira, 05 de julho de 2012

Ao fim do jogo entre Portugal e Espanha (Eurocopa 2012), Cristiano Ronaldo, jogador de futebol da seleção de Portugal, derrotada, disse: “Foi injustiça!”. Há injustiça na sociedade, nas instituições, na família, no casamento, nas igrejas, nos poderes econômicos, sociais, políticos, jurídico? Que fazer diante de injustiças?

Não assisti a esta partida de futebol mas imagino o sentimento de Cristiano Ronaldo, porque em muitos jogos de futebol a injustiça existe, tanto por corrupção de juízes e auxiliares, quanto pelo azar de algumas equipes que suaram mesmo a camisa, jogaram melhor, mas o adversário ganhou.

Uma maneira de reduzir parcialmente a injustiça no futebol seria cronometrar a partida de maneira que, toda vez que a bola parasse ou que algum jogador caísse ao chão para ser socorrido, o cronômetro pararia.

Anos atrás cronometrei mais de uma partida, marcando quanto tempo a bola realmente rolou no jogo. Em média deu uns 30 minutos em cada tempo. É comum jogadores fingirem se machucar, caindo, interrompendo o jogo porque seu time está ganhando, e ao final da partida não é dado desconto justo. Isto ocorre em toda partida, praticamente. Ocorre injustiça administrativa por parte dos dirigentes da partida e um antijogo por parte dos jogadores profissionais (eu disse profissionais?). Cronometrar a partida resolveria isto. Será que tiraria a vibração da partida? Você acha que o basquete é sem graça, sem vibração porque é cronometrado? Não mesmo! Há partidas de basquete que são eletrizantes!

Se a partida fosse cronometrada, resolveria uma boa parte da injustiça neste esporte, mas avançaria no horário que os patrocinadores pagam para as estações de TV transmitirem o jogo, e interferiria na programação da TV. Então, o que seria justo (cronometrar as partidas), abre mão para o injusto (interesses econômicos das TVs e corrupção de árbitros e auxiliares).

Outra situação em nosso país que me disseram ocorrer e que é uma baita injustiça para com a “clientela” é (pasmem!) o jogo do bicho! Supostamente ele é “honesto”. Me informaram que se um número é muito apostado num mesmo período do jogo, e que obrigaria os donos da banca pagar um valor alto ao(s) ganhador(es), eles mudam os resultados. Ou contraventores são honestos?

O que estamos vendo na mídia sobre as corrupções do bandido Cachoeira e a corja (empresários e políticos) ligada a ele, é de dar vômito. Injustiça é nome elegante para classificar as atitudes deles.

Injustiça crônica: nossa cidade (Nova Friburgo, RJ) com cerca de 180 mil habitantes e uma só companhia de ônibus urbano. Só ela “mama” há anos na população e ainda reclama de preços de passagens! Como ela consegue permanecer explorando sozinha o transporte público na cidade há mais de 50 anos? Como? Pergunta ingênua, não é?

Custa caro consertar e manter funcionando os relógios digitais de nossa cidade que informam ao público a temperatura e hora certa, como o do Paissandu? O imposto que pagamos não dá para custear os equipamentos funcionando?

O voto resolve injustiças sociais? O voto corrige a contaminação do caráter humano? As pessoas votam com consciência? Votos são comprados? Há candidatos corruptos (que já foram processados e condenados em alguma época por alguma violação legal) ou supostamente corruptos (envolvidos em processos em andamento) que estão na lista dos elegíveis nas próximas eleições? Por que o povo vota em corruptos e os elege novamente? Perderam os brasileiros, após anos de ditadura, a capacidade de votar com sabedoria? Perderam a habilidade política? Tínhamos esta habilidade?

Como resolver estas e outras injustiças sociais? Passeatas? Lista de abaixo-assinado? Divulgação na mídia (jornais, revistas, TV, rádios, folhetos, redes sociais, e-mails, etc.) da lista dos candidatos com ficha suja? Que empresas teriam interesse em divulgar isto, se uma grande parte delas tem o rabo preso com dirigentes a quem pagaram (pagam) propinas para suas empresas conseguirem sucesso financeiro? Será que só se consegue justiça social com luta armada? Revolução? Ou será com muito mais educação do povo? E se o povo gasta horas assistindo abominações como o BBB, novelas destruidoras de princípios éticos da família, e outras besteiras, em vez de ler um bom livro, assistir uma palestra útil, escolher um programa educativo de TV ou rádio?

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César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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