Filho(a) Rebelde

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Um garoto adolescente criando muitos problemas em casa há vários anos deixa uma família em situação de tensão constante. Ele é mandão, agressivo, acomodado, faz o que quer, exige coisas como se fosse um rei, e os pais ficam com medo de colocar limites e as coisas piorarem. Levam ao médico que passa remédio e há uma rejeição em tomá-lo. Desde pequeno fica muito “nervoso” com qualquer frustração e acaba quebrando seus brinquedos.

Este relato é comum hoje em dia. Uma causa muito provável é falta de disciplina desde bebê. Talvez um pai, ou uma mãe, permissivo, superprotetor, tenha facilitado este comportamento do filho que também pode ter nascido com uma herança genética favorecedora de comportamento rebelde.

O que fazer? O que chama a atenção num relato de uma história assim é que este tipo de jovem não aprendeu a ter autodisciplina desde pequeno, quem sabe vivenciou constantes brigas dos pais, fator causador de tensão nos filhos, e também pode ter sido superprotegido pelo pai ou pela mãe, que pode ter sido bem permissiva(o) em vez de ser firme com ele, e talvez o pai ou mãe não ter tido mão firme sem ser ríspido, tudo isto resultando no comportamento atual do rapaz que é de descontrole emocional.

Não é uma questão de colocar a causa do problema do filho nos pais. Porque em famílias onde há mais filhos, não se vê, obrigatoriamente nos outros irmãos os mesmos problemas encontrados em um filho. Os pais participam dos problemas dos filhos, é verdade, mas é o próprio filho que decide tomar esta ou aquela atitude. É uma escolha que este filho faz da conduta que virá a ter. Mais cedo ou mais tarde o filho rebelde, indisciplinado, precisará compreender e aceitar, se quiser amadurecer, que mais importante do que os pais fizeram com os filhos, é o que os filhos fazem com o que os pais fizeram.

Pelo relato de uma história assim, também vemos que ao longo dos anos este filho indisciplinado veio fazendo o que queria em casa, e não aprendeu a cooperar com a família. É comum nestes casos, os pais deixarem um filho assumir esta conduta indisciplinada com medo das reações dele. Mas é um erro, pois quem manda em casa tem que ser pai e mãe, e não o filho. Autoridade não se negocia. Tem que ter afeto, mas disciplina também e respeito para com a autoridade. E exercer autoridade é diferente de praticar autoritarismo.

Nestes casos não é só o filho “problema” quem necessita de tratamento, mas a família como um todo, no sentido de receber orientação psicológica para saber ajudar o(a) jovem indisciplinado(a). Se houver necessidade de medicação, ela será uma parte do tratamento para ele. A outra parte depende muito dele começar a receber dos pais os limites que deveriam ter colocado desde que ele era bebê. Pode ser que ainda dê tempo de consertar algumas coisas. Ele precisa aprender que quem manda em casa não é ele e que ele tem que se submeter ao que os pais determinam. E se ele ficar agressivo e violento contra a família quando a família tentou colocar limites de modo correto para os abusos dele, ele precisa ser atendido em unidade de emergência médica para possivelmente ser medicado. E se repetir isto (agressividade e violência) é preciso dizer para ele que ele terá que ser internado alguns dias para tratamento caso não se controle e caso rejeite a medicação prescrita pelo médico.

Um familiar agressivo e descontrolado que rejeita tratamento não tem o direito de ficar tendo atitudes agressivas em casa com os familiares e todos ficarem recuando diante dos abusos dele. Se as atitudes agressivas dele são motivadas por doença, tem que tratar. Se são por não ter aprendido a ter autocontrole e autodisciplina, é hora de aprender. 

Agora, se os pais não quiserem colocar disciplina para um filho rebelde, então não podem reclamar do que ele fizer. O amor tem que ser firme.

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César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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