Existe na biologia um sexo neutro?

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Nós que lidamos seriamente com ciência, ficamos chateados quando alguém fala em nome da ciência inverdades ou uma meias-verdades. Veja a questão do vinho, anunciado como benéfico para o coração, o que é meia-verdade.

O vinho é produzido à partir da uva na qual há uma substância chamada “resveratrol”. A Revista da PUC no Rio Grande do Sul, Ano XXX, n.133, Março-Abril/2007, em matéria de capa “Molécula encontrada na uva pode prevenir doenças” mostra que o resveratrol tem efeito antiviral, protetor do coração, antioxidante, antiinflamatório, e até protetor contra o câncer. Mas o álcool etílico continua sendo tóxico para nosso corpo em qualquer quantidade. Tanto que a OMS – Organização Mundial da Saúde recomenda: “Mesmo sendo que o consumo regular baixo a moderado de álcool tenha efeito protetor contra a doença coronária, os outros riscos cardiovasculares e para a saúde associados com o álcool não favorecem uma recomendação geral para o seu uso.” (Diet, Nutrition and the Prevention of Chronic Diseases, WHO, 2003, p. 90). A verdade científica é: resveratrol da uva é benéfico. A meia-verdade é: o vinho faz bem à saúde.

O mundo está sendo bombardeado com a “Ideologia de Gênero” ou “Ideologia da Ausência de Sexo” que é a crença de que os gêneros masculino e feminino são construções culturais e sociais, não existindo apenas homem e mulher, mas também outros gêneros, e que se pode escolher um deles, adotá-lo, ou adotar mais de um ao mesmo tempo. Isto não é nem meia-verdade do ponto de vista biológico! Uma nova vida humana começa com 23 pares de cromossomos do pai que se juntam a 23 pares de cromossomos da mãe formando um macho ou uma fêmea. Se for macho será XY, se for fêmea será XX. Biologicamente não há um terceiro gênero. O que pode haver numa pessoa, macho ou fêmea, é a sensação, o desejo, pensamentos que podem estar em conflito, ou imaturos, que geram nela a ideia e sensação de ser de um gênero neutro, ou homossexual, bissexual, etc.

Em 1993 surgiu a discussão se haveria um “gen gay” quando a revista Science publicou um estudo de Dean Hamer dizendo que a ciência estava perto de provar que se nasce com a homossexualidade, sendo uma variante normal da natureza humana. (Satinover, Jeffrey, "Is There a 'Gay Gene?'" National Association for Research and Therapy of Homosexuality (NARTH) Fact Sheet, March 1999, p. 1.) A mídia alardeou o tema e revistas (Newsweek, Time), jornais (The Wall Street Journal), etc., anunciaram sugestões de que cientistas haviam descoberto um “gen gay.” Até agora não se descobriu isto. Hamer, ele mesmo gay, depois disse: “... fatores ambientais têm um papel [no surgimento da homossexualidade]. Não existe nenhum gen mestre que faz as pessoas gay. ... Não creio que seremos capazes de predizer quem será gay.” (Hamer, Dean and Peter Copeland, The Science of Desire (Simon & Schuster, 1994).

Simon LeVay, no artigo "A Difference in Hypothalamic Structure Between Heterosexual and Homosexual Men" (“Uma Diferença na Estrutura Hipotalâmica Entre Homens Heterossexuais e Homossexuais”) tentou encontrar diferenças nos hipotálamos de homens homossexuais e heterossexuais. (Science 253 (1991): pp. 1034-7) e comentou: “É importante enfatizar o que eu não encontrei. Eu não provei que a homossexualidade é genética, ou que encontrei uma causa genética para nascer-se gay. Não mostrei que homens gays nascem desse modo, [que é] o erro mais comum que as pessoas fazem ao interpretar meu trabalho. Nem localizei um centro gay no cérebro.” (Byrd, A. Dean, Shirley E. Cox and Jeffrey W. Robinson, "The Innate-Immutable Argument Finds No Basis in Science: In Their Own Words: Gay Activists Speak About Science, Morality, Philosophy"-September 30, 2002. Accessed 10 February 2006.)

O psicólogo Michael Bailey e o psiquiatra Richard Pillard (1991) num estudo que seria a “prova” da ligação entre homossexualidade e genética, usaram pares de irmãos — gêmeos idênticos e não-idênticos, irmãos biológicos e adotados — para mostrar que a homossexualidade é mais frequente entre gêmeos idênticos. O que a maioria não sabe e a mídia não anunciou devidamente é que este estudo na verdade apoia os fatores ambientais e não a genética no surgimento da homossexualidade, a qual se fosse genético, então os gêmeos teriam que ser homossexuais 100% das vezes, o que não ocorre na realidade. (Byne, William, "The Biological Evidence Challenged," Scientific American  (May 1994) : pp. 50-55.). E o N.E. Whitehead, Ph.D, explica: “Os gens são responsáveis por uma influência indireta, mas em média, eles não forçam as pessoas para a homossexualidade. Esta conclusão tem sido bem conhecida na comunidade científica por umas poucas décadas mas não tem alcançado o público geral. De fato, o público crê aumentadamente no oposto.” (Whitehead, N.E., "The Importance of Twin Studies.", 2013).

A verdade científica é: os seres humanos nascem geneticamente macho (XY) e fêmea (XX). A meia-verdade é: algumas pessoas têm lutas interiores quanto à sua identidade sexual, então elas teriam um gênero neutro.

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César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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