Epigenética e comportamento humano

Eric R. Kandel é um neurocientista nascido na Áustria, radicado nos Estados Unidos. Se tornou psiquiatra e depois passou a dedicar seus estudos e pesquisas em neurociência. Em 2000 ganhou o Prêmio Nobel de Medicina, junto com dois outros cientistas, por descobrir fatores importantes na transmissão de sinais entre as células nervosas (neurônios) no cérebro humano. 

Sabemos que a genética é um componente importante de todas as doenças mentais, mas se tem verificado que há fatores, além da genética, que influenciam o comportamento humano. Segundo os estudos do Dr. Kandel, nem tudo o que ocorre em nosso comportamento, em nossa saúde ou doença tem a ver com genética. Há a epigenética. 

Epigenética (do grego “epi”= “sobre”, e “genesis” = “origem”, “criação”) é o que influencia características em nós que não envolvem mudanças nas sequências de bases do DNA. “A partir do momento em que um óvulo é fertilizado por um espermatozoide, essa nova célula (agora denominada de ovo) dará origem a um conjunto de células que irão originar o embrião. 

A formação do embrião depende da captação de sinais pelas células, sinais estes que podem vir de dentro das próprias células, de células vizinhas (incluindo as células da mãe) e do meio externo (do ambiente). Os sinais recebidos pelas células irão determinar não somente a morfologia (forma) e fisiologia (funcionamento do organismo) do futuro embrião e indivíduo, mas também o seu comportamento. 

Nesse sentido, as células respondem a nutrientes e hormônios, mas também a sinais físicos, como calor e frio, e comportamentais, como estresse e carinho.” (http://revistacarbono.com/artigos/03-epigenetica-e-memoria-celular-marcelofantappie/#sthash.h92Q413R.dpuf - Marcelo Fantappié).

“A epigenética é definida como modificações do genoma que são herdadas pelas próximas gerações, mas que não alteram a sequência do DNA. Por muitos anos, considerou-se que os genes eram os únicos responsáveis por passar as características biológicas de uma geração à outra. 

Entretanto, esse conceito tem mudado e hoje os cientistas sabem que variações não genéticas (ou epigenéticas) adquiridas durante a vida de um organismo podem frequentemente ser passadas aos seus descendentes.

A herança epigenética depende de pequenas mudanças químicas no DNA e em proteínas que envolvem o DNA. Existem evidências científicas mostrando que hábitos da vida e o ambiente social em que uma pessoa está inserida podem modificar o funcionamento de seus genes”. (Marcelo Fantappié– doutorado em Química Biológica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1997) e pós-doutorado pela State University of  New  York. Atualmente é professor associado da Universidade Federal do Rio de Janeiro). 

Toda célula possui todos os genes presentes nas outras células do mesmo organismo, mas apenas uma pequena fração se expressa. A função transcricional de um gene, ou seja, sua capacidade de sintetizar proteínas específicas é passível de regulação e altamente responsiva a fatores ambientais. 
Lesões específicas do cérebro causam alterações específicas do comportamento. Alterações específicas do comportamento originam alterações funcionais cerebrais características.

Então, a epigenética revela que há fatores além da genética que influem na maneira como funcionamos como pessoa. Quando um novo ser humano está ainda no útero da mãe, tudo o que ocorre no ambiente, e mesmo no pensamento e sentimento desta mãe, produz influências epigenéticas sobre o comportamento da criança que irá nascer. 

Por isso é muito importante que uma mulher grávida procure viver num ambiente tranquilo, evite discussões, e que o marido e outros parentes a ajudem a lidar com as dificuldades naturais da vida. Ou seja, que ela possa conviver num ambiente com um mínimo de estresse possível, porque tudo, de dentro dela e de fora dela, influenciará a saúde mental de seu bebê.

É importante que ela aprenda a lidar com suas emoções, evite pensamentos negativos, cuide da alimentação e pratique atividades físicas, além de outras recomendações de saúde.