Dietas alimentares e carência afetiva: nova dieta ou novo vestido resolvem?

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Pesquisa da revista Glamour envolvendo 33 mil mulheres norte-americanas revelou que: 75% sentiam-se muito gordas; 96% afirmaram que seu peso afetava seus sentimentos sobre si mesmas; 50% disseram que emagrecer seria a opção que as faria mais felizes entre ser feliz num relacionamento, ter sucesso profissional e receber notícias de um velho amigo.

Nos EUA, 20 milhões de mulheres têm distúrbios alimentares, 25% de todos os homens e 50% de todas as mulheres vivem em constantes regimes. A revista oficial da Associação Médica Americana (Jama) publicou artigo revelando que a prevalência de obesidade nos Estados Unidos entre 2007 e 2008 foi de 32.2% entre homens adultos e de 35.5% entre mulheres adultas. ("Prevalence and Trends in Obesity Among US Adults, 1999-2008”, JAMA, Vol. 303 No. 3, January 20, 2010). Dados de 2007 e 2008 mostraram que 17% das crianças e adolescentes entre 2 e 19 anos de idade naquele país são obesas. http://www.cdc.gov/obesity/childhood/index.html

Obesidade é quando você tem um IMC – Índice de Massa Corporal – acima de 30. Divida seu peso em quilogramas pela sua altura ao quadrado. Por exemplo: se você tem 70 quilos e mede um 1,70m de altura, divida 70 pela altura ao quadrado (1,70x1,70=2,89). Assim: 70÷2,89= 24,22. O IMC normal é entre 20 e 24,9. De 25 até 29.9 indica sobrepeso e acima de 30 obesidade.

Pessoas gordas creem que se emagrecessem ficariam bem, mas emagreceram várias vezes e não ficaram bem, engordando de novo e começando novo regime. Regimes e dietas por si só podem não funcionar porque comer demais e excesso de peso são sintomas, não o problema principal. Enfatizar só a questão do peso é uma maneira de deslocar ou distrair o foco de atenção e compreensão das causas reais pelas quais uma pessoa come sem estar com fome ou sem necessitar.

Norte-americanos gastam cerca de 33 bilhões de dólares por ano emagrecendo. As indústrias do emagrecimento não estão interessadas em sua saúde porque não querem perder os clientes. Por isso, vendem serviços e produtos que "resolvem”só superficialmente, que não oferecem resultados profundos e duradouros.

Dietas podem ser como pais opressivos e autoritários que lhe diz o que e quando fazer, mantendo as pessoas fixas no exterior, em algo fora delas, e fazem com que dependam de fontes exteriores a si mesmos – a própria dieta – para sua noção de bem estar e dignidade. As dietas restringem as escolhas da pessoa e perpetuam a dependência.

Crianças normais que sofreram abusos (físicos, emocionais, verbais, sexuais, etc.) na infância acreditam que a culpa foi delas. A pessoa que come exageradamente crê que não possui autocontrole. Em vez da criança ficar brava com a pessoa que abusou dela, ela fica brava consigo mesma, porque ela teme perder o amor do pai/mãe. Em vez de recusar-se a fazer uma nova dieta, o compulsivo se pune por comer demais e recomeça outra dieta.

Rejeite começar nova dieta sem buscar mudanças em seu interior. As mudanças têm um processo, não ocorrem da noite para o dia, e envolvem falar a verdade para si mesmo e então decidir como viver de acordo com essa verdade.

Profissionais inteligentes da moda mundial dizem que vendem, na verdade, não vestidos, mas amor. Afirmam que se puderem convencer as clientes de que a mercadoria deles lhes trará amor, terão alcançado seu objetivo. Uma pessoa adulta que quando era criança sofreu muito com brigas, desavenças, separação dos pais, pode ter se apegado à comida como substituta do amor. Se ficar tentando resolver a dor do passado através de dietas e roupas, não irá conseguir emagrecer naturalmente, de forma permanente, e obter equilíbrio emocional. De novo neste assunto também cabe dizer: E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. Mas primeiro você precisa querer a verdade.


TAGS:
César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.