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Corrupção: uma questão de escolha
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
Immaculée Ilibagiza é uma mulher que sobreviveu ao genocídio em Ruanda, África, e escreveu o fantástico livro "Sobrevivi para contar”. Ela revela dados arrepiantes da crueldade das pessoas movidas pela malignidade que trucidavam os de outra tribo principalmente com facões. É entristecedor pensar no domínio da corrupção em nosso país, atingindo todos os níveis da sociedade. Dói e cria desesperança. Pessoas na liderança da sociedade que têm em mãos poder para fazer o que aliviaria a dor humana se deixam levar pelo domínio de forças malignas de seu caráter manchado.
Estamos caminhando para uma situação social cada vez mais perigosa, mais assustadora, mais violenta, devido ao domínio dos caracteres perversos na estrutura mental dos que se tem se deixado levar pelo hedonismo (o que vale é o prazer), pela visão materialista da vida, pela ganância, pela luta pela supremacia, e isto é realmente assustador.
Acabei de ler uma curta matéria num jornal sobre o enriquecimento rápido da esposa do governador do Estado do Rio e o pedido de impeachment que um político fez contra este governador. O que as pessoas já muito ricas querem? Por que tantas pessoas muito ricas, que possuem fortuna que dá para viver 3 ou mais vidas de 80 anos cada com muito conforto, não ficam saciadas com o que possuem? Por que estas pessoas não se satisfazem com a fortuna adquirida sabe lá como e continuam angustiadas, com insônia, ou dormindo a poder de remédio? Como uma mente pode acalmar, relaxar e funcionar bem para o bem, quando o caráter é manchado por atitudes perversas, egocêntricas, abusivas? Por que algumas pessoas riquíssimas materialmente falando não têm remorso pelas fraudes praticadas e continuam praticando-as? São portadoras de transtorno de personalidade? Algumas sim, outras não. Creio que a resposta não está somente no campo da psicologia e da psiquiatria, porém vai mais além e inevitavelmente chega no campo espiritual, fazendo parte da guerra entre o bem e o mal. Não vejo outra explicação.
A psicologia e a psiquiatria forense não conseguiram explicar, e nem conseguem, casos como o do garoto no início da adolescência que matou pai, mãe e tias, suicidando-se. Por que não se encontra uma explicação científica para tal barbaridade? Não será porque há algo mais além da psicologia? E o mesmo se dá com a corrupção nos poderes executivo, judiciário, legislativo, empresarial, e mesmo em liderança religiosa que explora o povo usando o instrumento da "fé”, como os defensores da Teologia da Prosperidade. As ciências do comportamento não conseguem explicar tanta corrupção.
Se a luz que há nestas pessoas corruptas são trevas, quão grandes são estas trevas! Não há poder humano que possa combater esta podridão do caráter das pessoas envolvidas em corrupção. Só a pessoa pode decidir, escolher, sair desse submundo autodestruidor, para a vida que vale a pena viver e que não depende de poder econômico.
Mas a sociedade está de cabeça para baixo. A Organização Mundial da Saúde prevê que no ano 2020 a depressão deverá ser a segunda doença do mundo, e a primeira ainda serão as doenças cardiovasculares. Por que a depressão está avançando no mundo? Por que os antidepressivos não resolvem tantos casos? Um dos componentes da depressão é a perda da esperança. Veja o que líderes políticos dizem que farão pela sociedade, para aliviar o sofrimento das pessoas e até fazem, mas muito menos do que prometeram e poderiam fazer. Veja o que ocorre na Suprema Corte, que parece ficar dividida quanto a punir bandidos de terno e gravata. Veja líderes religiosos se enriquecendo usando vergonhosamente a fé. Veja Sociedades Secretas interferindo no poder econômico para benefícios pessoais de indivíduos e empresas junto com os dois grandes poderes que comandam este planeta. Que sentimentos isto causa? Não será perda da esperança?
Quem se levantará contra a corrupção para realmente fazer o bem para a população? Para onde caminha a humanidade? Para a loucura evitável? Qual será o fim disso? Não nos esqueçamos da Inquisição. A história se repete. A perseguição retornou contra os que querem ser corretos, verdadeiros, honestos e fiéis à luz e à verdade. A solução continua não sendo ligada à medicação, ou a um novo partido político, mas à mudança interior do caráter poluído para um caráter nobre. Quem quer isto?
O jornalista norte-americano Philip Yancey, no livro "Para que serve Deus”, p. 273, diz: "O mal é vencido com o bem se a parte injuriada absorver o mal, recusando-se a permitir que ele prossiga”. Você que está na liderança em algum cargo na sociedade pode absorver o mal, recusar que ele prossiga, do que depender de você, e escolher tomar uma atitude boa para a sociedade. Você vai ter coragem de fazer isto? Ou vai escolher continuar sendo dominado pelas forças da maldade, estando preso e achando que está livre? Você hoje, agora mesmo tem a escolha.

Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
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