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Corpo e cérebro: uma unidade
As neurociências estão comprovando que nosso corpo e nosso cérebro funcionam em harmonia e numa interação fantástica. Novos conceitos no estudo da Psicossomática sugerem que nenhuma doença é somente física ou somente mental. Os doutores José Gallucci Neto e Renato Luiz Marchetti, ambos da USP – Universidade de São Paulo, dizem: “Estima-se que cerca de 60 a 80% da população apresenta alguma queixa somática durante uma semana qualquer sem, entretanto, procurar auxílio médico. Quando um paciente procura um médico devido a um sintoma físico, em 20% até 84% dos casos não se encontra causa orgânica que explique sua queixa”. (http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/2325/histeria_somatizacao_conversao_e_dissociacao.htm
Interessante que os achados de um médico professor na Universidade de Harvard apresenta índices semelhantes. Veja: “De 60% à 90% dos pacientes que procuram médicos na clínica [pacientes ambulatoriais] têm suas doenças devido à estresse físico e mental. Elas são pessoas que têm sintomas físicos como resultado de problemas emocionais e sociais. A média poderia ser 75%. “Medicina Espiritual, dr. Herbert Benson, Harvard School of Medicine, Body-Mind Institute, English edition 1996, Edição Brasileira, Editora Campus, 1998.
Dependendo da doença que a pessoa apresenta, será necessário não somente o tratamento psiquiátrico e psicológico, mas também com outro especialista. Por exemplo, se a pessoa apresenta colite ulcerativa, úlcera gástrica conectada em um momento da vida com alto estresse emocional, ela precisará também ser avaliada e acompanhada por um gastroenterologista.
Algumas doenças psicossomáticas talvez não terão cura porque o tempo de sofrimento psicológico foi muito longo numa personalidade muito sensível e sem muitos recursos internos de defesa, tendo a pessoa um ego fragilizado, de maneira que provocou alterações graves em algum órgão. Ela poderá possivelmente com os tratamentos e empenho pessoal conseguir alívio. É o que chamamos de prevenção terciária e também tem que ver com cuidados paliativos.
A hipocondria, por exemplo, é uma focalização constante do pensamento e das preocupações sobre o próprio estado de saúde, podendo ser acompanhada de sintomas que não se enquadram em nenhuma doença orgânica conhecida. Os portadores de hipocondria apresentam uma sensibilidade corporal exagerada. Cerca de 15% das pessoas hipocondríacas apresentam também crise de pânico, por serem muito ansiosas, com dificuldade de manter relacionamentos nos quais não tenham controle da situação.
Estas pessoas geralmente querem tomar remédios o tempo todo, e vivem indo a médicos porque a cabeça delas é um monte de preocupação de ter esta ou aquela doença. Os hipocondríacos não possuem geralmente uma doença psicossomática mas interpretações trágicas de sinais ou sintomas normais do corpo. O caminho é reduzir a ansiedade, olhar com firmeza para a verdade de que sua mente tem tendência de supervalorizar pequenos sinais ou sintomas corporais e lutar para evitar que os pensamentos trágicos continuem perturbando.
Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
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