Colunas
Codependência afetiva: elimine os exagêros e comece a viver sua vida
Melody Beattie escreveu vários livros sobre codependência afetiva. Ela define a pessoa codependente como “alguém que tem permitido que o comportamento de outra pessoa o afete, e alguém que tem obsessão por controlar o comportamento daquela pessoa.”
A tendência do codependente é usar outros – cônjuge, amigos, crianças – como a única fonte de identidade, valor e bem estar, e como um modo de tentar restaurar dentro de si as perdas emocionais da infância.
Uma educadora norte-americana, escreveu: “Hábitos e ideias pré-estabelecidos devem ser vencidos em muitos casos antes que possamos fazer progressos espirituais.” Ellen G.White, Mente, Caráter e Personalidade, vol.2, p.597. Isto significa que precisamos obter maior flexibilidade e menor rigidez de comportamento, o que não tem que ver com a violação de princípios éticos e morais, mas sim com relação à maneira como os praticamos.
Codependentes têm grande tendência para se envolver em relacionamentos com pessoas não confiáveis, emocionalmente indisponíveis, ou carentes, tentando prover e controlar tudo dentro do relacionamento com pessoas assim, sem enfocar suas próprias necessidades ou desejos, criando para elas mesmas uma contínua falta de satisfação e significado. Geralmente se sentem responsáveis pela felicidade, sentimentos, ações, escolhas, comportamentos dos outros. Sentem-se muito culpados ou ansiosos quando outros têm problemas difíceis de resolver. Dizem frequentemente sim aos pedidos, quando queriam dizer não.
Ellen G. White afirma: “De pouca utilidade é procurar reformar outros atacando o que podemos considerar maus hábitos. Tais esforços resultam muitas vezes em mais dano do que bem.” Idem, p.599. Codependentes acreditam que os outros os fazem ‘enlouquecer’ e se sentem raivosos e não apreciados por tudo o que eles estão tentando fazer. Possuem pobres habilidades de comunicação. Raramente dizem o que querem dizer e tentam dizer o que acreditam que as pessoas querem ouvir. Desfrutam falar sobre outras pessoas e raramente falam sobre si mesmos. Têm dificuldade de serem assertivos e com frequência iniciam uma conversa pedindo desculpas por chatear as pessoas. Costumam ser muito leais e permanecem em relacionamentos danosos para eles por um tempo muito longo. Tentam convencer outros sobre o que ‘deveriam’ pensar e como deveriam ‘verdadeiramente’ sentir. Terry Kellog, em Broken Toys Broken Dreams explica que “codependência não é a respeito de um relacionamento com um adicto (viciado), é a ausência do relacionamento com o self (eu).”
Alguns psicólogos creem que a codependência afetiva não é uma doença da personalidade, não precisando tratamento, pois seria um traço saudável vivido em excesso. Maneiras de recuperação incluem: o aprendizado do desligamento para desligar-se de relacionamentos negativos ou formas de interagir negativas.
As pessoas verdadeiramente espirituais devem ser simples, honestas, puras, livres de toda iniquidade. (EGWhite, Pamphlets 151 49.3). Lute por ser assim, e a melhora ocorre. Também aprenda a lidar com sua raiva de uma maneira positiva, sem agredir os outros e sem ficar reprimindo-a contra si mesmo. Podemos expressar a raiva de uma maneira que seja equilibrada. Quando o codependente aprende a confiar naqueles que são confiáveis, ele (ela) deixará de lado a necessidade de manipular e controlar outros. E não mais precisará depender das pessoas para contruir seu senso de valor pessoal.
Não conclua que seu caso é sem solução. Que não tem jeito. Existe esperança de mudança se você decide enfrentar o medo de ser alguém que tem direito de falar, expressar suas ideias, colocar limites, dizer não, pedir coisas. Tenha esperança e tome uma atitude para mudar a si mesmo, deixando de lado os excessos de codependência. Alguns não irão gostar. Mas é a sua vida que está em jogo. E ela é sua. Foi lhe dada por Deus. E você tem o direito de vivê-la, e bem.
Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
Deixe o seu comentário