Basta ter inteligência emocional para obter sucesso profissional? - 26 de janeiro 2012

sexta-feira, 06 de abril de 2012

A revista Época de 9 Jan 2012 publicou entrevista com Daniel Goleman, o psicólogo que mostrou que o QI (quociente de inteligência) não era a forma melhor de avaliar pessoas para o trabalho, e que a inteligência emocional tem um papel também importante nesta questão. Porém, ele explica que inteligência emocional não é tudo. O que é preciso além dela para ser bom profissional?

As pessoas anseiam por novidades que resolvam tudo. Sempre há algo prometendo cura para um monte de coisas. São produtos Herbalife, Forever Living, Noni, Aloe Vera, Beringela, Linhaça, Ração Humana, Graviola, etc. Não que tais produtos não sejam bons para a saúde. Eles são, mas resolvem tudo? Nada resolve tudo. Muitos começaram a crer que a inteligência emocional resolveria tudo. Não resolve. Não há uma só coisa que resolva tudo. É um conjunto de hábitos, de procedimentos, alimentos saudáveis, prática de exercícios físicos, lidar com suas emoções, eliminar substâncias e alimentos tóxicos, reduzir o estresse, vida no campo, parar com competições, evitar ao máximo o uso de medicamentos e preferir lutar para melhorar o estilo de vida. É um conjunto de coisas que passo a passo produzem saúde.

Goleman explica que o QI é genético. Uma pessoa com QI baixo, sempre terá QI baixo. Mas quando consideramos a inteligência emocional, abre a esperança para os de QI baixo, pois ela ajuda a superar a inteligência cognitiva não privilegiada. Mas mesmo assim, diz Goleman, não pode ser usada como consolo para tudo.

A pessoa com boa inteligência emocional necessita também se esforçar para adquirir conhecimento técnico, ampliar sua capacidade de raciocínio, obter conhecimento. Aprendi com um professor que Thomas Edison, o inventor da lâmpada elétrica, teve que fazer mais de mil experimentos até que conseguiu fazer uma lâmpada funcionar. Parece que foi ele que disse que mesmo para um cientista, há a necessidade do esforço, e que em muitos casos gasta-se 95% de transpiração e 5% de inspiração para se criar uma invenção.

Goleman explica que uma pessoa emocionalmente inteligente tem quatro características básicas: (1) Traquejo social; (2) Autoconhecimento: (3) Empatia, e (4) Perseverança. Traquejo social é a capacidade de se relacionar socialmente de uma maneira agradável e que flui bem. Os muito tímidos têm dificuldade no traquejo social, assim como os muito agressivos. Autoconhecimento tem a ver com encontrar respostas para as dificuldades e dores emocionais e não se apavorar com isto. Significa que você consegue, sem dificuldade, dar dois passos para trás, olhar a si mesmo objetivamente e entender-se. Empatia é a capacidade de “sentir com”, ou seja, alguém lhe conta um drama pessoal, você imerge na história dela e imagina como seria viver aquela situação. Fazendo isto você dificilmente irá dizer besteiras para a pessoa, ou ficará frio e indiferente com ela. E, finalmente, perseverança é você continuar num empreendimento, numa atitude, sem vacilar, sem desistir, porque crê que o caminho é aquele mesmo.

Muitas pessoas são demitidas do trabalho não porque são incompetentes tecnicamente, mas porque são de difícil relacionamento. Não conseguem ter inteligência emocional, diz Goleman. São “broncas”, mesmo com doutorado! Geralmente uma empresa moderna inteligente contrata um indivíduo que tem um bom QI, mas também que possui autocontrole e é agradável.

Goleman crê que o aprendizado da inteligência emocional deve começar cedo. Sempre acreditei nisto. Já escrevi aqui sobre isto muitas vezes, quando expliquei que o desafio para a saúde emocional é ter as emoções sem deixar que as emoções nos tenham. E isto deve ser ensinado às crianças desde a tenra idade. Mas se a mãe é super nervosa, o pai é explosivo, como se pode ensinar o filho a desenvolver inteligência emocional, se nem eles a praticam?

Aprender a lidar com as emoções deveria ser uma disciplina ensinada desde o primário! Quantos crimes, separações, mortes, não seriam evitadas se as pessoas aprendessem a controlar suas emoções desde a infância! Tem algum diretor de escola que ouse colocar uma disciplina assim na grade curricular?

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César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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