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Aprendendo a construir relacionamentos saudáveis
Esta matéria é dirigida aos que desejam parar com o papel de codependentes, ou seja, querer controlar tudo, querer mudar as pessoas, assumir sempre responsabilidades pelos erros dos outros sem deixar que eles os assumam, não dizer “não” quando deveria, etc.
É possível você aprender muito sobre si mesmo através das pessoas às quais você se liga. No processo de amadurecer dentro da recuperação emocional, a qual pode ser num grupo de apoio ou numa terapia, uma pessoa aprende que não deve mais formar relacionamentos somente baseados na atração. Aprende a ser paciente, a permitir-se considerar fatos importantes e analisar informações sobre aquela pessoa. O alvo neste tipo de recuperação é passar a conseguir ter atração saudável às pessoas. Assim, passar a permitir ser atraído ao que as pessoas são, não ao que elas podem vir a ser ou ao que você esperava que fossem.
Quanto mais você procurar entender os problemas de sua família de origem, percebendo como lhe afetou, menos precisará trabalhar através deles com as pessoas para as quais você é atraído. Isto porque o mais comum de ocorrer é uma pessoa, inconscientemente, procurar reviver na vida adulta situações semelhantes às que ela viveu ao longo da infância e que podem ter sido bem sofredoras para ela. Exemplo: se você teve um pai autoritário, é comum se casar com um marido autoritário e ter reações para com ele semelhantes às que tinha para com seu pai.
Então, finalizar seus problemas do passado ajuda a formar relacionamentos novos e mais saudáveis. E para isto você vai precisar parar e pensar um pouco em como funcionou sua família de origem, qual o papel que você vivia lá, e como lhe afetou. Como assim? O que você viveu em sua infância, a maneira como sua família funcionava gerou em você impaciência? Irritabilidade? Papel de vítima? Descontrole quanto à sua vida afetiva e/ou financeira por ter sido superprotegido(a)? Papel de controlador(a)? Manipulador(a)?
Quanto mais superar sua necessidade de ser muito tomador de conta, menos será atraído para pessoas imaturas que buscam proteção constantemente, que crêem (consciente ou inconscientemente) que você tem que estar lá para elas porque elas se sentem inseguras na vida ou porque vieram de uma família de origem muito simbiótica, muito grudada uns nos outros, sem boa e saudável independência emocional. Quanto mais aprender a amar e a respeitar a si mesmo, mais será atraído para pessoas que amarão e respeitarão você, e a quem poderá amar, respeitar com segurança e confiar.
A mudança é lenta. Seja paciente consigo mesmo. O tipo de pessoa que lhe atrai talvez não mudará da noite para o dia. Sentir atração por pessoas problemáticas pode durar bastante enquanto você está em recuperação emocional, o que não significa que você tem que permitir que elas o controlem. Você iniciará e manterá relacionamentos com pessoas com quem precisa estar até aprender o que for preciso aprender — dure o quanto durar. Também não importa com quem se relacionará ou o que descobrirá no relacionamento, o problema ainda é seu, e não da outra pessoa. Esse é o núcleo, a esperança e o poder da recuperação. Há algo em você que lhe dirige para aquela pessoa. É preciso perceber isto para conseguir mudar. Mudar a si mesmo, que é a única pessoa que você pode conseguir mudar, e que não é tarefa fácil.
Podemos aprender a cuidar de nós mesmos ao iniciar e formar um relacionamento. Podemos aprender a ir devagar, prestar atenção, deixar de culpar Deus por nossos relacionamentos, e começar a ser responsáveis por eles. Podemos aprender a desfrutar os relacionamentos saudáveis, afastar-nos sem demora dos mais problemáticos e aprender a procurar o que é bom para nós sem obsessão por procurar o que é bom para a outra pessoa.
Baseado em: A Linguagem da Liberdade – Melody Beattie, Editora Record, p.135,136, 1999.
Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
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