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Álcool e adolescentes
Adolescência é tempo de mudanças. Jovens são inclinados nos contatos sociais às paixões, desenvolvimento de habilidades artísticas, contatos sexuais e, o que é ruim, vulnerável ao consumo de álcool e outras drogas. Atitudes impulsivas neles conduzem, infelizmente, à gravidez indesejada, acidentes com veículos, brigas corporais, e outras situações de risco.
Alexander Lowen, terapeuta norte-americano, cita um trabalho feito com famílias no qual verificou-se que filhos de pais autoritários e ditadores podem ter problemas emocionais na adolescência e vida adulta como os filhos de pais permissivos. A ideia de ‘pais amigos’ por si só não resolve a questão da prevenção de complicações de conduta nos jovens. Um psiquiatra da Unifesp comenta sobre a importância, dos pais que amam seus filhos, colocar limites. “A vida gera frustrações, e privar o adolescente de ouvir ‘não’ é uma forma eficiente de conduzi-lo a tombos maiores no futuro. E os pais devem saber das exemplos – com o seu próprio comportamento.” (Ser Médico, 1º.trim. 2010, CREMESP, psiquiatra da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas – Uniad, da Universidade Federal de São Paulo – Unifesp, dr. Hamer Nastasy Palhares Alvez, Ph.D., p.23). Se um pai, ou mãe, é permissivo consigo mesmo, não tolerando frustrações, e reagindo como um adolescente, como poderá ajudar seu filho (a) adolescente?
A idade do consumo de álcool em adolescentes cai a cada pesquisa. Diz Hamer: “Quanto mais precoce o contato com álcool, maior a possibilidade de o relacionamento com a bebida evoluir a um padrão nocivo e o risco de dependência e desenvolvimento de doença crônica...” Além disso o consumo precoce de álcool aumenta o risco de tabagismo (média de 10 anos a menos de expectativa de vida no fumante), e aumenta o risco do uso de outras drogas como a maconha e a cocaína.
Segundo o Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas) 42% das crianças entre 10 e 12 anos já experimentaram álcool. O Cratod (Centro de Referência de Álcool, Tabaco e outras drogas) revelou em pesquisa recente que o consumo de drogas em população de risco começou aos 7, 8 ou 9 anos de idade! Nesta população o álcool e o tabaco foram os precursores de drogas ilícitas, como a maconha e o crack. A Uniad indica que as meninas já bebem tão frequentemente quanto os garotos, e o consumo nessa faixa etária é pior para as mulheres por serem mais vulneráveis aos efeitos maléficos das drogas. O consumo nessa idade pode prejudicar a tomada de decisões e o desempenho escolar, facilitando brigas físicas, uso de outras drogas, sexo de risco, com aumento das doenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada. Nos Estados Unidos o consumo de álcool caiu de 17 anos em 1987, para 15 em 1996 e para 13 em 2003.
Estudos indicam que o início do consumo de álcool começa em casa. Dr. Hamer diz: “Aos pais que pensam ser melhor às crianças beberem sob supervisão, o correto é criança não beber.” (p.24). Como a proibição da venda de bebidas alcoólicas a menores é muito descumprida, em qualquer esquina há oferta delas e há bebidas de baixo custo, o consumo é fácil e grande.
Cientistas da Universidade de Michigan, verificaram que há aumento do consumo de drogas nos jovens que tem maiores escores de vadiagem (faltar aulas), nenhum ou fraco comprometimento religioso, mais noites fora de casa e menores pontos de gradação escolar (GPA). http://pubs. niaaa.nih.gov/publications/arh22-2/85-94.pdf
Solução? Começa na educação familiar. Pratique valores honestos, seja verdadeiro, cultive afeto, ponha limites e exija obediência sem ser ditador, pratique os ensinos de sua fé religiosa, acompanhe seus filhos nos estudos, saiba quem são os amigos de seus filhos, como eles se comportam e quem são seus pais, use alimentação saudável, pratique exercícios físicos com eles (caminhadas, ciclismo, natação). Ensine seu filho desde bebê a ter autocontrole sobre as emoções, especialmente as de frustração. Ele pode aprender. Não ter pena não é ser mau ou frio. É crer que a criança pode tolerar frustrações, sim. Uma criança não se torna mais feliz se você dá tudo o que ela quer. A vida real não é assim. Por isso ela precisa aprender a receber um ‘não’ e obedecer os pais. Aprender o governo de si mesmo pode ser um dos mais importantes fatores para sucesso na vida, sem alcoolismo ou outra dependência química.
Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
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