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A verdade e a mentira: escolha a liberdade
quinta-feira, 23 de maio de 2013
Sem verdade não há cura, não há crescimento, e fica bem difícil o relacionamento com as pessoas numa base produtiva, transparente, profunda. O que fazer para romper a barreira das mentiras que podem proteger da dor, é verdade, mas produzem mais dor?
Atendi uma mulher que começou a ler um livro, por indicação da psicóloga, que tem mostrado a ela o script ou papel que ela tem vivido até agora e que não é bom para ela e para o marido. Ao ler o livro ela está tomando consciência da verdade pessoal, e comentou: "Como é difícil ler este livro! Ele me faz ver coisas minhas que eu não queria ver!” A verdade chegando a ela e causando desconforto, mas chegando! E com ela a oportunidade de liberdade e cura.
A verdade nos liberta, e ela pode nos machucar primeiro, mas nesse caso é um machucado saudável porque estaremos saindo das trevas sobre nós mesmos. Na medida em que a nossa percepção da verdade aumenta, ela diminui nossas mentiras. Podemos ter mentiras conscientes (como na corrupção, na infidelidade conjugal, nas fraudes eleitorais, na "cola” em sala de aula, nos discursos demagogos de políticos, etc.), e inconscientes (por usarmos defesas racionais para fugir do desconforto (físico, mental, religioso, social).
Quando a verdade nos atinge na consciência e mostra nossa mentira, se formos humildes, aí será um momento muito especial em nossa vida. Será um ponto de mutação. Teremos a escolha: seguir pela luz ou pelas trevas do autoengano. Todos temos essa escolha. Se quisermos ser feitos livres, então precisaremos aceitar a verdade como amiga e não como inimiga, mesmo que ela produza alguma dor inicial.
A dor é o sinal de que a verdade quer aparecer e que está sendo maltratada. É sinal de parar para consertar. Refletir. Raciocinar. Orar. Pedir ajuda. Mas você pode pegar um martelinho e quebrar a luz vermelha do painel do seu carro que estava acesa, e fingir que está tudo bem, só porque o carro ainda funciona. Mas ele vai parar, se a mentira continuar.
É muito importante que você escolha a verdade livremente. Que você queira a verdade. Primeiro você tem que querer para ela poder chegar. E insistir na sua busca. Perseverar. E aguentar o tranco de sua chegada porque dói a exposição da mentira. Mas só dói nos que ainda são sensíveis para com a verdade. Os que têm a mente cauterizada com a mentira crônica não sentem dor alguma, porque sua alma está anestesiada e estas pessoas pensam que vivem bem só porque tem alguns milhões no banco. A morte vai chegar de qualquer maneira. E a morte vindo para quem aceitou a verdade, para quem a desejou de todo o coração, a buscou, a obedeceu na luz que tinha, é o começo da vida eterna. E o contrário também é verdadeiro, ou seja, a morte que chega para quem rejeitou a verdade é a chamada "segunda morte”, que é para sempre.
Não mine sua capacidade de ser livre, de decidir, de escolher. Quanto mais você foge da verdade, menos você tem liberdade de escolha. Os mentirosos são escravos e pensam que são livres. Escravos do caminho destruidor.
Desejo que você deseje a verdade. Que você não queira o que é ruim. Todos os dias precisamos libertar a nossa liberdade para escolher a verdade e sair da mentira, se quisermos viver para sempre. Por que destruir a si mesmo(a)? Qual a razão de você destruir a si mesmo(a) pela persistência na mentira? A verdade ainda está disponível para libertar-nos. Temos a escolha. Você hoje mesmo, agora mesmo, tem a escolha: verdade ou mentira. Dependendo da escolha que fizer, você obterá a liberdade. Ou não.
(Baseado em "Pérolas”, de Mainer.)
Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
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