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Querido Juca
Estou sabendo pela Nair, minha informante aí na terrinha, que você dirige os destinos do nosso querido Friburgo FC. Ah, pra que, Juca? A cabeça viajou no tempo e no espaço, pra mais de setenta anos atrás.
Eu, muito garoto, saia do grupo e ia apanhar bolas de tênis que o Carlito Braune jogava com o Doca Barreto. E ganhava uns trocadinhos que dava para o picolé de abacaxi do Zé Boléia. No rinque de patinação era o maior barato. A gente alugava os patins por uma hora e só conseguia andar quinze minutos, era tombo pra todo lado. A única que dava show era dona Dalila, professor de canto orfeônico, irmã do Rainha, Marta e Mirtes. E quando o Friburgo ganhava, Juca? A gente ia comemorar na sede social, em cima de onde funcionou a rádio mais tarde.
O rala-coxa comia adoidado. Era uma no copo e outra na dança grudadinho. A gente só queria saber do nosso clube do coração. Eu saía da sede e ia correndo assistir ao treino dos nossos craques. E eu sempre vibrando, mas frustrado porque nunca passei do segundo time.
Aliás, era banco. No dragão era sempre uma festa, o velho Draga pai do Gilbert, Oswaldo e Edmo, soltava a bengala em cima de quem falasse mal do nosso clube. Ah, e do Flamengo também, diga-se de passagem. Mais tarde, íamos tomar umas e outras no bar do Tilú, ali, logo na primeira loja, perto do Joãosinho, meu barbeiro preferido. E eu ouvia atentamente suas conversas sobre o passarinho que ele adorava. Era meio conversa de pescador, mas vá lá. Tenho na minha memória uma foto colorida do nosso Friburgo de tantas alegrias, proporcionadas pelo melhor técnico da cidade, o gordo Binha, mais tarde ajudado pelo caprichoso Miracema. O time vai ficar pra outra crônica, vou vasculhar os escaninhos da memória, passar um pano na foto pra ela brilhar, como brilhavam nossos craques. Um abraço, Juca! Uma instituição como o nosso Friburgo precisa sempre de alguém que ponha o seu sangue correndo nas veias, sangue da cor de nossa camisa. Pra você, Juca, parceiro de sinuca e presidente, desejo muita saúde e disposição pra enfrentar esta tarefa, que todo mundo sabe, não é fácil. É preciso ter muita perseverança, fé e obstinação. Viva o nosso Friburgo! Opa, voltei no tempo novamente, mais de setenta agora, melhor nem fazer conta não. Quem você e encontrar e ouvir que é Friburgo, diga que eu gosto dele. Saúde, meu amigo!

Jorginho Abicalil
Recado de Jorginho Abicalil
Como era Friburgo antigamente? O que o tempo fez mudar? O que não mudou em nada? Essas e outras questões são abordadas, aos fins de semana, na coluna “Recado de Jorginho Abicalil”, onde o cronista relata a Nova Friburgo de outros carnavais.
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