Os Libaneses

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Hoje eu vou falar do meu sangue, da colônia libanesa, honra e glória do comércio friburguense. A Casa Libaneza foi fundada em 1920 por José Jorge Abicalil e Haiffa Bechara Abicalil, portanto, 95 anos de balcão. Anos mais tarde, Genserico e Nair fizeram  Luizinho, Eliane e Marise terem paixão pelo balcão. É ele quem diz a quantas você anda na vida, se alegre, se simpático, e, principalmente, o que rege todos os momentos de sua vida: a paciência. A Casa Libaneza é a segunda loja mais antiga da cidade, a primeira é a Camisaria Friburgo, dos El-Jaick. O Seu José e a dona Raquel fabricavam camisas, que logo eram vendidas, ao mesmo tempo em que filhos eram postos no mundo. E vieram Tufi, Jorge, Galdino, Américo, Jamil, Humberto, Hilda e Vitória, sempre protagonistas em suas funções. José Namem e dona Rosa tiveram uma prole de respeito. José, Geraldo, Rashid, Juvenal, Joel, Libanesa e Barria. Naquele tempo não tinha televisão. Felipe Deccache e Dona Alice eram os donos do pedaço na rua São João. Fabricavam enxovais para batizado. Ele, bonitão, grisalho, ereto. Ela, uma libanesa bonita e bem falante. Me chamava de Habib e eu ficava todo bobo, admirando cada vez mais a raça sentimental e trabalhadora. E vieram Jarjura, Antonio, Luiz, Glória, Isabel e Doralice, gente da chamada melhor qualidade. Jorge Alcar, da carioca, era o mais risonho de todos. Formava com dona Jamile o casal 20 da simpatia. Tiveram Linda, Angel, Antônio e José. Cada domingo que eu passava para filar uns quibes, era como se fosse um natal. Eu respondia com amizade sincera e algumas lágrimas com arak. O Dragão era uma figuraça e dona Alice, sempre risonha, acompanhava a sua paixão pelo Flamengo, o Friburgo e à sua bengala. Vieram Gilbert, locutor e bancário, e Oswaldo, o famoso Uba, que salvava a pele de todo mundo em matemática.

Uba casou-se com a colega Celeste. E Edmo, a voz do Brasil, partiu cedo, deixando um vazio na Rádio Globo. A bonita Lizena foi sua companheira de todas as horas. Até hoje ouve a Globo o dia inteiro. É sua maneira de viver a saudade do garotão que nada mais era do que uma criança grande. A casa Chaleira do velho Nahum e Maria tiveram José, Magib, Haiffa e Antônio. José, também conhecido como Zé Chaleira, teve Lizete, a doce Lizete e Alberto. Lizete perdeu tragicamente o bom Emil num desastre de carro. Ser libanês é ter orgulho dos seus ancestrais. É uma colônia que vive para a família e para o trabalho. Uma maneira de levar a vida com coerência e honestidade. O que mais os libaneses amam é a educação dos filhos, como Alfredo e Maria, pais de Conceição Abicalil, Antônio e João, casado com Hortência e um time de futebol como filhos. Conceição foi uma professora emérita e educou uma geração de friburguenses. Nazira foi a primeira filha do seu José e dona Haiffa, que, infelizmente, morreu com a epidemia de tifo.

E mais Sofia, Nair, Elias, Roberto e o locutor que vos fala, o caçula da família, agora já na faixa dos oitenta e quatro, cheio de safenas, mamárias e desfibriladores no coração. Mas, assim é a vida, cada um com sua história de vitórias e insucessos. Nos resta agradecer ao criador por pertencer a uma colônia vibrante, forte, cheia de ilusões e sonhos. Gente otimista, que vibra com os encantos da vida e com uma mesa farta e a família reunida ao redor. Àqueles que não citei, fica a homenagem de pertencer a esta colônia maravilhosa.  

P.S.1) A Celeste teve duas filhas com o Oswaldo Zarife, o nosso bom Uba. Abraços a todas: Teresa, Fátima e Mariângela.

P.S.2) Seu Alexandre Chini e dona Hermínia puzeram no mundo Geraldo, grande médico, Kamal, engenheiro, e Naife, a mulher que me ajuda e segura todas as barras.

P.S.3) Fiama e Antonela, duas filhas do Edmo-Lizena, idolatram o pai que foi Edmo. Um beijo grande.

P.S.4) Um abraço a todos os Abbud. Memória libanesa.

P.S.5) Não poderia esquecer dos Mader. Família tradicional, trabalhadora, hoje com atuação em todos os setores friburguenses.

P.S.6) Um abraço friburguense ao José Calil Gastin. Ficou rico, hein! Você merece, tirou leite de pedra.

P.S.7) Elias Name, da casa das Meias, era o primeiro a chegar quando falecia alguém. Organizava tudo com a família enlutada. É um coração muito especial. Salve!

P.S.8) E salve dona Yesmim, a rainha dos libaneses, casada com o cabeça branca. Os filhos Antonio Elias e José Elias são dois cavalheiros de fino trato. Ala kibir!

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Jorginho Abicalil

Jorginho Abicalil

Recado de Jorginho Abicalil

Como era Friburgo antigamente? O que o tempo fez mudar? O que não mudou em nada? Essas e outras questões são abordadas, aos fins de semana, na coluna “Recado de Jorginho Abicalil”, onde o cronista relata a Nova Friburgo de outros carnavais.

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