Colunas
O fluminense
Alê, Alê, Alexandre Gazé, você deveria vir pra Friburgo nos anos 50! Você ia ver o Bonim estraçalhando pelas quebradas da direita no Fluminense. Ele fazia com o Pedrinho uma dupla tipo Pelé-Coutinho. O Bonim enfrentava os seus marcadores com dribles curtos e desconcertantes e deixava-os no chão. O Pedrinho, num toque de primeira, servia ao Jardel na marca do penalty e aí, não tinha jeito, Gazé, era bola no barbante. O Jardel tinha umas passadas que mais pareciam com Ademir da Guia, o famoso "queixadá”. E quando Pedrinho lançava o Bichinha pelas pontas, ele botava a redonda na marca do penalty, pronta pro Lindório balançar as redes. Era um time que jogava por música, Gazé. Eu tinha vontade de levar um gravador e soltar um tico-tico no fubá quando a bola estivesse com Bonim-Pedrinho. E lá atrás, um beque direito que mais parecia o Djalma Santos, mas qual o quê? Era o Gualter, elegante, rebatia com as duas, cabeceava, um cracão de bola. Às vezes parava a bola na ponta da chuteira e passava para o Catitú, aí era "bola pro mato que o jogo é de campeonato”. Eles rebatiam com firmeza, porque se a bola fosse para o gol, era frango na certa do João de Luca. Esse era um grande frangueiro, mas tinha a melhor de todas as virtudes, era vascaíno doente. Ali, pelo meio, falavam que era o Liminha do Flamengo, puro engano, era o Veríssimo correndo o campo todo e alimentando o ataque. Pela esquerda, outro engano, achavam que era o Hilton Santos, mas era o primeiro "canhotinha de ouro”, antes mesmo do Gerson, o Saipa. Grande Saipa, Gazé! O Fluminense era brindado pela natureza, pois todas as vezes que entrava em campo, o céu se transformava, todas as nuvens sumiam como que de repente, e um céu fatalmente azul coloria o gramado. Tudo para combinar com a camisa também azul de gloriosas tradições. A bola agora está com você, Alexandre Gazé, reuna seus alunos na Cândido Mendes e dê a aula.
"Atencão alunos, aula de hoje: Fluminense A.C. Repitam comigo, em cada jogador, batam palmas:
João de Luca
Gualter e Catitú
Veríssimo, Miltinho e Saipa
Bonim, Pedrinho, Jardel, Lindório e Bichinha.
No banco hoje estarão os gêmeos Goel e Gilberto, Novelli e Jandir e Klebinho.
O técnico, na ausência de Vavá, que está no bar servindo Cuba-Libre, será Deccache, que acumula as funções de técnico e grande goleiro.
Você, Gazé, pode fazer um audiovisual, vai projetando na tela as fotos dos craques com a trilha "Tico-tico no Fubá” ao fundo. No final, um grande letreiro parado na tela: Boas Festas, Feliz Natal a todos que amaram o Fluminense A.C. e fizeram dele uma glória do esporte Friburguense. Olhem para o céu.

Jorginho Abicalil
Recado de Jorginho Abicalil
Como era Friburgo antigamente? O que o tempo fez mudar? O que não mudou em nada? Essas e outras questões são abordadas, aos fins de semana, na coluna “Recado de Jorginho Abicalil”, onde o cronista relata a Nova Friburgo de outros carnavais.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
Deixe o seu comentário