Dr. Feliciano Costa

sábado, 07 de março de 2015

Tem pessoas que nascem para servir e não para servir-se da vida. E os bons ventos conspiram a favor dos seus objetivos. O Dr. Feliciano Costa nasceu com essa estrela. Após os primeiros estudos foi ser marinheiro e, logo em seguida, formou-se em medicina. Aí começa a história de alguém que nasceu com a missão de servir ao seu povo. Atendia pela manhã no consultório enquanto sua esposa ficava na porta recebendo pelas consultas. Por ele, nada seria cobrado. Fazer o bem era o seu jeito de ver a vida. Mas ele queria mais. Foi mordido pela mosca azul da política e se elegeu prefeito duas vezes. Sabia o plano diretor da cidade e acima de tudo, sabia escolher seus secretários, baseado no "know how” e experiência de cada um. Visitava os distritos para averiguar, no local, quais problemas mais afligiam os seus moradores. E mãos à obra. Calçamento, água, luz e tudo o que mais fosse necessário para deixar seu povo feliz, evitando o êxodo tão comum na falta de progresso. À tarde, após o consultório, o expediente na prefeitura se fazia necessário. E lá estava ele, sem fazer promessas demagógicas e mirabolantes. Prometendo só o que podia cumprir. Foi um prefeito diferente, que aliava a bondade do médico à visão global do administrador. Outra história. 

 

 

Um libanês, mascate, vivia caminhando com a sua mala nas costas. Casou com uma libanesa e teve a primeira filha. Mas a grande surpresa estava por vir. Uma epidemia de tifo dizimou centena de pessoas. Naquela época, a medicina ainda não estava à altura de debelar a doença. A sua filha faleceu e o bom libanês nunca mais foi o mesmo. Prosseguiu com a família, teve mais cinco filhos, mas aquela dor profunda ficou guardada nos escaninhos da alma. "Matar o bicho” era sua válvula de escape. Arak, quibe cru com carne moída, hortelã e cebola. Passava da conta em tudo, principalmente nos doces, o grande vilão do enredo pra quem tem tendência ao diabetes. E assim aconteceu. A doença afetou seus olhos e deu-lhe uma gangrena na perna, mas o doutor não deixou amputar. Ficou de cama fazendo curativos com o Dr. Feliciano, que o visitava quase que diariamente, esquecendo de cobrar e trazendo otimismo para a casa. Pouco tempo passou e o libanês alegre, que botava os filhos no colo pra ouvir música árabe não aguentou. Faleceu com o diabetes em sétimo estágio. Ficou no coração da família a gratidão para o resto de suas vidas. A lembrança do médico competente que prejudicava seus afazeres para cuidar do velho libanês. Que em nenhum momento demonstrava esforço, e muito pelo contrário, trazia na face alegre amor e otimismo. Foi um médico que marcou época na medicina e um prefeito que fez história na política, numa época de grande prefeitos. Dante, Amâncio, Heródoto, Muller, César Guinle e outros que não lembro, cada um dando sua contribuição para o crescimento da nossa cidade. Dr. Feliciano Costa, um homem do bem, de bom coração, sensível aos problemas alheios, um homem com "h” maiúsculo, nasceu abençoado e com o dom de abençoar. A gente não esquece doutor. Fique em paz.

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Jorginho Abicalil

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Recado de Jorginho Abicalil

Como era Friburgo antigamente? O que o tempo fez mudar? O que não mudou em nada? Essas e outras questões são abordadas, aos fins de semana, na coluna “Recado de Jorginho Abicalil”, onde o cronista relata a Nova Friburgo de outros carnavais.

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