Colunas
Deixa rolar
Essa é a história do menino
que tinha como destino
viver para so-
[nhar.
Um microfone na mão,
vendendo emoção,
tudo tinha o seu lugar.
O tempo foi passando,
o desejo aumentando,
fez rádio e televisão.
Fez comerciais, mais de mil,
por esse Brasil varonil.
Deputados e senadores
foram eleitos sem pudores,
sem interessar o partido,
o candidato era bem visto.
A música o transformava
num querido democrata.
Era rei e não demagogo.
O sucesso foi crescendo.
O ódio, a raiva, aparecendo,
para tudo estragar.
Os hospitais chamando
para safenas, mamárias e desfibriladores,
e o coração batendo sem parar.
Tudo foi se definhando,
concorrência aumentando
e perdendo o seu lugar.
Não aguentou quem traiu,
foi à falência e sentiu
o rude golpe no ar.
Hoje, sem alto-falante,
é uma farmácia ambulante
com medo do bipolar.
Sai da alegria pra tristeza,
não sente mais firmeza,
quer entender sem reclamar.
Restou a dignidade
de espalhar pela cidade
que já teve o seu lugar.
Assim é a vida, deixa rolar.
Carreira solo não existe mais.
Trabalho em equipe é que satisfaz.
Mas tudo foi desintegrado,
cada um para o seu lado,
nada restou, tudo sumiu,
foi pra ponte que partiu.
Pequei pelo gigantismo,
tudo grande tem seu preço.
Só me resta o apreço
de ter sido um profissional
que honrou sua profissão.
Só me resta a horizontal.

Jorginho Abicalil
Recado de Jorginho Abicalil
Como era Friburgo antigamente? O que o tempo fez mudar? O que não mudou em nada? Essas e outras questões são abordadas, aos fins de semana, na coluna “Recado de Jorginho Abicalil”, onde o cronista relata a Nova Friburgo de outros carnavais.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
Deixe o seu comentário