Deixa rolar

sábado, 22 de novembro de 2014

Essa é a história do menino 

que tinha como destino 

viver para so-

[nhar. 

 

Um microfone na mão, 

vendendo emoção, 

tudo tinha o seu lugar. 

 

O tempo foi passando, 

o desejo aumentando, 

fez rádio e televisão. 

 

Fez comerciais, mais de mil, 

por esse Brasil varonil. 

 

Deputados e senadores 

foram eleitos sem pudores, 

sem interessar o partido, 

o candidato era bem visto. 

 

A música o transformava 

num querido democrata. 

 

Era rei e não demagogo. 

O sucesso foi crescendo. 

O ódio, a raiva, aparecendo, 

para tudo estragar. 

 

Os hospitais chamando 

para safenas, mamárias e desfibriladores, 

e o coração batendo sem parar. 

 

Tudo foi se definhando, 

concorrência aumentando 

e perdendo o seu lugar. 

 

Não aguentou quem traiu, 

foi à falência e sentiu 

o rude golpe no ar. 

 

Hoje, sem alto-falante, 

é uma farmácia ambulante 

com medo do bipolar. 

 

Sai da alegria pra tristeza, 

não sente mais firmeza, 

quer entender sem reclamar. 

 

Restou a dignidade 

de espalhar pela cidade 

que já teve o seu lugar. 

 

Assim é a vida, deixa rolar. 

Carreira solo não existe mais. 

Trabalho em equipe é que satisfaz. 

 

Mas tudo foi desintegrado, 

cada um para o seu lado, 

nada restou, tudo sumiu, 

foi pra ponte que partiu. 

 

Pequei pelo gigantismo, 

tudo grande tem seu preço. 

 

Só me resta o apreço 

de ter sido um profissional 

que honrou sua profissão. 

Só me resta a horizontal.

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Jorginho Abicalil

Jorginho Abicalil

Recado de Jorginho Abicalil

Como era Friburgo antigamente? O que o tempo fez mudar? O que não mudou em nada? Essas e outras questões são abordadas, aos fins de semana, na coluna “Recado de Jorginho Abicalil”, onde o cronista relata a Nova Friburgo de outros carnavais.

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