O estado da rosa

sábado, 05 de setembro de 2015

Caros leitores,

Resolvi continuar o conto Sobre as flores, desenvolvê-lo melhor, trabalhar mais, talvez transformá-lo em novela, quem sabe romance. Por esse motivo, não o publicarei aqui na coluna, por enquanto. Para hoje, deixo este poema para vocês:=

o estado da rosa

Eu me despeço de tudo quanto vejo

No momento mesmo em que vejo

Porque ao ver, tudo desaparece.

 

Tudo o que é, quando vejo, deixa de ser,

Passa a ser outra coisa:

E aquilo que vi já se perdeu no meu olhar.

 

Eu fecho os olhos tentando guardar

A lembrança da rosa, como eu vi,

Como se o estado da rosa fosse a rosa,

Sem saber que a rosa em si não é botão nem flor.

 

(É semente?)

 

Só os cegos podem possuir a rosa

Porque só podem conhecê-la,

Desbravá-la.

É por não poderem enxergá-la

Que eles a possuem, ainda que secretamente.

 

E quando eu te vejo, quando eu te sinto,

Dentro de mim, eu fecho os olhos,

Tento ser cega, te conhecer,

Te desbravar,

Te possuir. 

E de repente eu olho, não posso evitar.

Eu olho e me vejo dentro dos seus olhos,

Eu vejo e me despeço de ti.

Porque já me perdi no abismo de mim.

 

Eu digo adeus todos os dias,

Eu rogo a Deus que te traga pra mim...

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