Hablas español? Yes, eu hablo!

segunda-feira, 01 de junho de 2015

Amigos, começo esta coluna contando um causo tentando ilustrar os últimos dias do mais querido do Brasil, com novidades latino-americanas e que nas cestas vai bem, mas segue mal em todo o resto. Espero que não esteja falando demais, no entanto, já diz aquele famoso ditado. "Quem tem boca, vaia Roma". Imagino como estão as cordas vocais da Nação, já que o fim de semana foi de comemoração e decepção.

Um dia, um grande amigo meu me contou que, durante um fim de semana, estava em uma boate se divertindo quando apareceu uma menina estrangeira. Os dois estavam se paquerando mas ela conversava com a amiga em uma língua diferente. A jovem era alemã. O meu amigo, curioso, se aproximou ainda mais até que a conversa se iniciou com a pergunta da gringa "Hablas español?". Instantaneamente, e movido por alguns copos a mais, o meu amigo soltou um "Yes, eu hablo". Ele conseguiu misturar, em uma resposta, inglês, português e espanhol, além de conquistar o coração da alemã com esta sagacidade única.

Pois bem, o sábado começou com esta mistura de idiomas, dialetos e afins - tão sagaz quanto - no basquete. Quem diria que um time, legitimamente carioca, poderia fazer uma união tão perfeita entre a América Latina e a Anglo-Saxonica dentro de quadra. O pivô americano Meyinsse sendo um monstro no garrafão, aliado aos argentinos  Hermann e Laprovittola deram uma aula de basquete nos jogos contra o Bauru. Isso sem falar nos brasileiros de carteirinha Marcelinho, Marquinhos, Olivinha Benite... Depois de dois jogos, eles falaram, "spoke", "hablaram", o mesmo idioma, o do tetra campeonato do NBB.

Aí a gente vem pro domingo. Dizia Nelson Rodrigues que "O Fla-Flu nasceu quarenta minutos antes do Nada". Acho que esse Nada citado pelo "Anjo pornográfico" refletiu bem este futebol sem vergonha que o Fla vem apresentando neste início de Brasileirão. Tá certo que, em  quatro rodadas, o time foi prejudicado pela arbitragem em  três partidas (Sport, Avaí e Fluminense), mas esse não é o motivo para aceitar que a equipe tenha somado apenas um ponto. Nem mesmo o pênalti inexistente sobre Fred ou o gol contra devem ser apontados como circunstancias que determinaram o resultado. Agora, quem tem que ficar bem quietinho e não falar uma vírgula é o Pará. O cara comete o pênalti e faz o gol pro lado errado. Meu Deus! Que saudade de Leo Moura, Wellington Silva, Rafael Galhardo, Everton Silva, Reginaldo Araújo, China, Valentim... (China, Valentim? Não, pera...)

Vamos torcer para que a bem sucedida miscigenação linguística das quadrasseja transportada para os campos de forma mais rápida do que os colonos que vieram com Cabral de Portugal pra cá naquelas caravelas, visto que agora temos um Guerrero para brigar no ataque Rubro Negro após a Copa América. O peruano se junta ao colombiano Armero e aos argentinos Canteros e Mugni, no objetivo de trazer um futebol mais caliente para a torcida.  E que o nosso novo professor Cristóvão Borges ensine o be-a-bá dos três pontos a cada partida, e que monte um esquema de jogo tão inovador como o famigerado Tratado de Tordesilhas, em terras brasileiras.

O momento, ainda que crítico, é de apoiar. Semana que vem o Fla enfrenta o Cruzeiro, recém eliminado pelo River Plate e que vem de derrota para o Figueirense. Que a inspiração dos ídolos do Basquete e a ousadia do meu amigo com a alemã sejam motivações para acreditar na vitória. Semana que vem espero falar coisas boas.

Soy loco por ti, Mengão. See you later. Aquele abraço!

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