Sobre honrar a palavra

sexta-feira, 22 de março de 2019

Mulheres e homens, honrem sua palavra. Honremos todos.

Encontro-me um tanto desiludida, farta e desapontada com a quantidade de palavras lançadas ao vento sem valor algum por todo canto. Coisas ditas que somem ao léu sem qualquer compromisso. Palavras vagas, sentidos jogados, desolados, perdidos em meio ao nada. Aprendi diferente. De onde eu venho, as pessoas empregam sinceramente esforços para honrar suas promessas e as promessas dos outros feitas a elas. Cumprem o combinado. Levam em consideração os pactos de honra, a expressão da vontade, o aperto de mãos.

Patrões, honrem a aliança firmada com os empregados, se importem com as condições que eles vivem. Os tratem como seres humanos dignos que são. Empregados, honrem a carta de apresentação feita no primeiro dia de trabalho. Cooperem para a prosperidade do chefe. Casais, protejam-se, blindem-se. Reconheçam na promessa de união na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, um real propósito de honra. Servidores, honrem o julgamento proferido no dia da posse.  Políticos, honrem suas palavras. Não tratem suas promessas em vão, sem base e sem dimensão. Façam por merecer a confiança das pessoas dignas a que representam. Dentro da lei. Da moral. Da ética. Pelo interesse social. Pelo bem da coletividade.

Estamos fartos de promessas infundadas. Do poder público iludindo os cidadãos impunemente. Respeitem a boa-fé das pessoas. Não nos tratem como inimigos, como oponentes. Façam sua parte, pois estamos fazendo a nossa. Dia e noite, noite e dia. Sem pestanejar. Lembrem-se que de alguma forma somos irmãos (ainda que metaforicamente). Somos habitantes do mesmo planeta. Devemos cooperar. Trabalhar. Intervir ativamente para a formação do mundo que queremos viver. Sejamos honestos uns com os outros. Sejamos íntegros e verdadeiros, nos baseando na lição de casa que aprendemos ainda na infância. “Não façamos com os outros aquilo que não gostaríamos que fizessem com a gente”. Treinamento simples. Aplicabilidade ainda remota.

Estamos fartos de ilações, palavras sem sentido, promessas da boca para fora.  Não viveremos o mundo almejado se não formos capazes de honrar com nossas palavras e os compromissos assumidos. De onde venho, as intenções verdadeiras devem ser perseguidas; as palavras proferidas têm significado; o olho no olho é poderoso e, do lado de cá, não estamos habituados a lidar com a desonra. Pelo contrário.

Embora fartos de administrarmos o desabono deslavado por causa de alguns, seguimos crendo nos acordos entre cavaleiros e damas, munidos de boa-fé, esforço e emprego de energia para seu cumprimento. Nem sempre a reciprocidade impera. É verdade. Mas ainda assim, sem dúvida alguma, prefiro estar do lado de cá, junto dos que andam com as cabeças erguidas e desfrutam dos bons sonhos dos justos sobre seus travesseiros. De onde eu venho, viver com a consciência tranquila compensa todo desapontamento que possa chegar de lá pra cá.

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Paula Farsoun

Com a palavra...

Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.

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