Sete anos de superação

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Há exatos sete anos, estávamos passando por um momento de grande dificuldade, um desafio coletivo rodeado de tristeza, perdas e dificuldades. Na noite entre os dias 11 e 12 de janeiro de 2011, sem aviso prévio, sem opção, sem escapatória, tivemos nossas vidas inundadas pelo “tsunami” que caiu do céu sobre nossa cidade.

Na oportunidade, escrevi um texto que foi publicado por A VOZ DA SERRA intitulado “Me ajude a salvar a montanha que chora”, em referência a música composta e cantada por Benito di Paula. Dizia a letra: “Sou homem da montanha, nunca tive sofrimento, é duro ver o meu povo sofrendo. Por Deus eu peço e venho pedir agora, me ajude a salvar a montanha que chora”. Esse era meu sentimento, o sentimento de todos.

Foi uma dor inacreditável sermos obrigados a acreditar que o mundo havia caído sobre nossas cabeças. Um turbilhão de emoções inimagináveis se embaralhando em nossos corações. Naquele texto, tentando manter a esperança, escrevi que nos recuperaríamos e renasceríamos melhores, que seria uma questão de trabalho com afinco, união e tempo. Desejei muito que a onda de recuperação prosperasse e me compadeci com a solidariedade que existiu entre as pessoas.

Com o passar dos anos, há muitas constatações. Muitas coisas mudaram para melhor, outras nem tanto. Sobre as autoridades efetivamente responsáveis por adotar políticas públicas inteligentes, com probidade, transparência, legalidade, eficiência e moralidade, vou me imiscuir de expressar algum juízo de valor, estando certa de que as conclusões possam ser extraídas por cada cidadão.

Todavia, muito me alegra e orgulha a constatação de que o sonho que esbocei por meio do texto no auge do impacto da catástrofe climática, em grande parte, se concretizou, motivo pelo qual peço licença para compartilhar com os leitores: “O mundo assistirá a ascensão de nossa terra amada. O verde brilhará mais verde do que nunca. Os bosques terão muito mais flores. E a vida mais amores, sim. Acredito plenamente na reconstrução das casas, das pontes, das ruas, dos bairros, da economia, do turismo, das famílias! Acredito sobretudo na reconstrução das almas dos friburguenses. O mundo estará diante de um povo ainda melhor do que era antes. Os lemas “a união faz a força” e “um por todos e todos por um” se personificarão em nós. Por aqui se encontrarão lições vivas de amor e superação. E quando o sol voltar a brilhar, o mundo se deparará com a nova Nova Friburgo, cheia de graça e amor ao próximo, para receber de braços abertos todos os que quiserem desfrutar de nossa terra maravilhosa, “abençoada por Deus e bonita por natureza.”

Texto para refletir:

“Jogo a minha rede no mar da vida e às vezes, quando a recolho, descubro que ela retorna vazia. Não há como não me entristecer e não há como desistir. Deixo a lágrima correr, vinda das ondas que me renovam, por dentro, em silêncio: dor que não verte, envenena. O coração respingado, arrumo, como posso, os meus sentimentos. Passo a limpo os meus sonhos. Ajeito, da melhor forma que sei, a força que me move. Guardo a minha rede e deixo o dia dormir.
Com toda a tristeza pelas redes que voltam vazias, sou corajosa o bastante para não me acostumar com essa ideia. Se gente não fosse feita pra ser feliz, Deus não teria caprichado tanto nos detalhes, intuo. Perseverança não é somente acreditar na própria rede. Perseverança é não deixar de crer na capacidade de renovação das águas.

Hoje, o dia pode não ter sido bom, mas amanhã será outro mar. E eu estarei lá na beira da praia, de novo.” (Ana Jácomo)

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Paula Farsoun

Com a palavra...

Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.

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