Não aprendi a dizer adeus ...

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Cair dói. Frustração dói. Conflito dói. Dor de cabeça dói. Desilusão dói. Mas creio que nada doa mais do que a saudade. Saudade de um irmão que mora longe, de um amor que se esvai, de um tempo que não volta mais. Saudade de um ente querido que se vai...essa realmente merecia um nome especial, pois ser saudade ainda é pouco para esse sentimento.

Saudade da presença, saudade da ausência. Saudade de tudo que foi vivido, do que poderia ter sido e não foi. Saudade do que não virá e que sabe-se que poderia lindo ter sido se viesse.

Saudade dói muito. Às vezes dá falta de ar. Outras não se pode imaginar. E o que se pode fazer diante do que não há mais nada a ser feito? Poderia salvar a pessoa querida e resolver o problema? Trazê-la de volta? Começar a vida de novo? Reiniciar de onde parou? Dizer o que ficou acumulado? Infelizmente, temos que aprender a lidar com os “nãos” que respondem a essas inevitáveis indagações. Voltar no tempo, não dá. Mas perpetuar o amor é plenamente possível. É atemporal. Não há limite. Amor transcende a matéria e o tempo. Disso eu tenho certeza. Foi Deus quem me disse, não posso duvidar.

Quando nos despedimos de alguém que amamos muito, parece que instantaneamente a cor do mundo perde o brilho, o chão fica mais distante, a visão fica turva, o corpo fraqueja, os pensamentos embaralham, a garganta dá um nó, o sentido de tudo muda por algum tempo e o coração salta pelos poros. Dor inevitável da qual não podemos escapar. Nenhum de nós.

E por um lado, é bom que seja assim. Sinal de que deixamos marcas e somos marcados pelo amor do outro, pela sua existência única e pelos momentos partilhados. Mais triste seria viver sozinho ou viver cheio de gente e vazio...

A saudade tem isso. Ela nos desperta as boas lembranças, ressalta o que de bom as relações têm – e tiveram, rememoram a importância do outro em nossa vida, deixam marcas registradas na alma. De certa forma, esse sentimento só pertence a quem tem amor para recordar e reviver, nesse plano ou no outro. E por assim ser, vale a pena vivê-la, pois mais triste seria não ter razão para senti-la.

Talvez o mais sábio conselho em momentos em que somos tomados pela dor chamada saudade, seja honrar dignamente o destinatário desse sentimento, sendo fonte inesgotável de luz, perseguindo a força interior e emanando gratidão, amor, e dentro do possível, alegria.

Sem mais dizer, peço perdão pelo italiano ruim por meio do qual deixo um registro especial para o céu...  “eri ho dichiarato al cielo il mio amore per te.. ed il cielo, per un attimo, si è sentito piccolissimo.” (“eu disse ao céu meu amor por você ... e o céu por um momento, sentiu-se muito pequeno” – autor desconhecido.)

Pensamento da semana:
“Saudade é melhor do que caminhar vazio.”
Peninha

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Paula Farsoun

Com a palavra...

Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.

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