Haja coração!

sexta-feira, 29 de junho de 2018

Haja coração! Nervos à flor da pele. Brasil em campo. É Copa do Mundo. É emoção. Mesmo aqueles que não estavam se importando com o campeonato; mesmo os que não estavam animados; mesmo os que não conseguem entrar no clima diante do caos político e econômico que estamos enfrentando no país; mesmo quem não conhece nenhum jogador; mesmo quem não gosta de futebol; mesmo quem vive uma espécie de luto desde o fatídico 7 a 1; mesmo essas pessoas se transformam em torcedores potenciais quando as camisas amarelas entram em campo. É coisa de sangue, de cultura, de alma brasileira.

Eu mesma permaneci indiferente a essa Copa do Mundo até que o hino do Brasil começasse a tocar. Passamos pela fase de grupos. Ufa. Era de se esperar. Somos o “Brasil”, a seleção pentacampeã. Respeitem. Aqui tem calor humano, paixão, riso solto, choro nos olhos, intensidade. Faz parte de nossa identidade cultural.

Ainda assim é de intrigar a falta de empatia de muitos com o “craque” do time. Não faltam argumentos para criticar a quem talvez devêssemos apoiar. Do que importa se o cabelo do Neymar está feio ou bonito? Se a namorada dele é simpática ou não? Se a conta bancária dele é farta? Se sorri quando era para chorar? Se chora quando não poderia se emocionar?

Realmente não deve ser fácil representar o país do futebol, com 200 milhões de árbitros atentos, com tantos olhares críticos e julgadores prontos para apontarem dedos e corpos inteiros sobre qualquer falha. Pois eu queria que soubesse que nem todo mundo é ávido por erros e desacertos. Há uma legião de brasileiros que erguem os braços, perdem a voz, dão abraços e choram de amor por uma bandeira que querendo ou não, teima em sobressair em tempos de Copa do Mundo.

Há milhares de pessoas sofridas, consternadas com os políticos, desapontadas com a corrupção, assoladas pelo desemprego, vivendo uma realidade muito difícil, com uma rotina pesada e desanimadora, mas que ainda assim, sem explicação, extravasam seus melhores sorrisos e seus abraços pelo país a cada quatro anos. Ainda que momentaneamente. Ainda que vivenciar a Copa do Mundo não resolva seus problemas.

Tem gente que vive a mais pura desesperança e que reencontra com o sentimento de esperança ainda justamente quando torce pela seleção brasileira. Qual o valor imaterial disso? O Brasil passou pela fase de grupos. Estamos nas oitavas de final. Vibrar ao lado de pessoas queridas pronunciando juntos, em coro, o nome do nosso país, unidos por um objetivo em comum, é uma situação que não tem preço e que merece ser vivida de forma livre de tantas críticas e de tanto peso desnecessário. Leveza, povo! Energia positiva! Sinergia de grupo!

“ Erga essa taça, Brasil” ! (Há quem já sinta cheiro de hexacampeão no ar...)

Frase da semana:

“Os tristes acham que o vento geme. Os alegres acham que ele canta.” (Luís Fernando Veríssimo)

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Paula Farsoun

Com a palavra...

Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.

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