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Estafa
Estafa. Palavra interessante. Quando alguém diz que está estafado, parece que conseguimos captar o cansaço que ele sente pela palavra. Já inventaram vocábulo mais pertinente para denotar o estado de esgotamento? Talvez a própria palavra “esgotamento”. Cansaço extremo. Sinal eloquente de quem precisa descansar, pausar, respirar livremente e recompor a energia vital. E então, prosseguir.
Naturalmente, o cansaço extremo sentido por uma pessoa é a sensação dela, de dentro para fora. Ela é que sabe. Seu estoque de energia lhe pertence em um nível próprio. Só ela consegue suprir, repor, suplantar. Só ela sabe o limite. A quilometragem que ainda consegue percorrer quando o tanque esvazia e a luz vermelha sobressai em si. Mas muitas vezes, podemos captar pelo mero olhar de seu semblante. Não raras vezes, a estafa parece ser coletiva. Para onde olhamos, podemos ver o cansaço, perceber os sinais mais claros e os mais escondidos do esgotamento.
Há momento em que esse estado de espírito é confundido com impaciência, incompetência, preguiça, fraqueza, antipatia, incapacidade. Os sensores sociais são cruéis nessa hora. A sobrecarga, o limite, a saúde debilitada, a pressão do dia a dia, por vezes, são sabidos porém ignorados quando os dedos apontados precedem os cruéis julgamentos. Gente julgando gente o tempo todo. Seres humanos esquecendo-se, por vezes, que são, além de tudo e antes de tudo, humanos.
E dessa sensação de impotência somada à incapacidade humana de suplantar a estafa física e mental, nasce o ideal da força, o buscar “ser forte”, o obrigar-se a parecer forte o tempo todo. Mas como bem disse Clarice Lispector, “nem sempre é necessário tornar-se forte. Temos que respirar nossas fraquezas.” Respirar. Nossas. Fraquezas. É isso.
Paula Farsoun
Com a palavra...
Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.
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