Afetos

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Algo grandioso pode acontecer quando a empatia nasce. E cresce. Desenvolve. Engrandece. Uma energia tão imponente e que não sabe a força que tem. Transforma, reequilibra, renova. A sintonia se faz. E daí pode surgir o afeto. Os afetos.

É mais simples que afetos se desenvolvam em ambientes em que as pessoas de certa forma existem para amar umas as outras, como no seio de uma família. É igualmente menos remota a hipótese de fomentarmos afetos em meio às amizades que vão se formando. Há várias formas, várias nuances desse sentimento.

Vem me chamando a atenção o despertar de um sentimento coletivo de bem querer e então como não poderia deixar de ser, entrego-me às reflexões. De onde vem o carinho coletivo, a reciprocidade, a confiança crescente? Do sorriso, da vontade de que tudo dê certo, do empenho em construir boas relações, da sinceridade? Vem de tudo isso, eu concluo.

E então, se a fórmula vem empiricamente sendo comprovada como infalível, pois os afetos são construídos de maneira tão sensível e honesta, por que não espalhar isso de alguma forma? A dificuldade, penso, vem da origem. A essência pode estar maculada. As dificuldades cotidianas tantas vezes escondem o melhor sorriso. O cansaço passa a ser obstáculo para a energia que impregna o esforço.

Nas últimas semanas tivemos um exemplo tão grandioso que cravou o coração: os 13 jovens da Tailândia que ficaram presos na caverna. O mundo se voltou em uma corrente de energia boa, pura, torcida sincera pelo bem daquelas pessoas que deu gosto de ver e de sentir. Aqui, há milhares de quilômetros de distância, eu também convergia orações para o bem daquelas pessoas que até então sequer supunha que existissem. Foi uma empatia generalizada. Foi lindo de viver.

Não há como negar que as primeiras imagens, dos meninos sorrindo, foram um afago à alma e uma lição de vida sem precedente. O exemplo do professor de futebol foi de uma humanidade e um altruísmo impressionantes. Os profissionais e voluntários envolvidos nas operações de resgate foram fantásticos em coragem, estratégia, amor altruísta, capacidade de superação que mereceram as salvas de palmas que ecoaram do mundo inteiro por eles e para eles. As práticas de partilha, cooperação, esforço mútuo, meditação, pensamento positivo, fé e afeto consubstanciaram realmente um protótipo do melhor que podemos ser como seres humanos. E então, no peito que chama pelas afeições, cresce a esperança na humanidade.

Reflexão da semana:
“Todo jardim começa com um sonho de amor. Antes que qualquer árvore seja plantada ou qualquer lago seja construído, é preciso que as árvores e os lagos tenham nascido dentro da alma. Quem não tem jardins por dentro, não planta jardins por fora e nem passeia por eles...” (Rubem Alves)

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Paula Farsoun

Com a palavra...

Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.

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