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Abençoa Senhor as famílias, amém !
Uma musa inspiradora definiu o tema da coluna de hoje, que na verdade é a base de todos os dias: a família. Que “entidade” bem pensada é essa. Por Deus. Maior porto seguro não há. Dentre bilhões de seres humanos, algumas são nossas referências, nossos exemplos maiores, os corações que pulsam fora de nós. Que benção ter esse lugar no mundo. Que maravilha seria se todos pudessem bem viver no seio de uma família.
Não conheço nada melhor do que família. É o elixir da vida. Entendo que tantas pessoas possam discordar, pois muitas delas têm junto aos seus familiares fonte inesgotável de aprimoramentos. Concordo com Luiz Fernando Veríssimo: “A família não nasce pronta; constrói-se aos poucos e é o melhor laboratório do amor.” O melhor e o maior que pode existir.
Gosto dessa sensação de pertencimento, de saber de quem eu vim, onde minhas bases estão fincadas, a raiz desse ser que habita em mim. Feliz de quem se reconhece nesse grupo cheio de imperfeições e ao mesmo tempo perfeito que denominamos de família. Não me refiro aos laços sanguíneos. Não apenas. O conceito de família, hoje mais do que nunca, transborda. Não cabe em meia dúzia de palavras, não se define de forma genérica, não tem a medida certa. Transcende. Vai além do que nossa visão limitada pode precisar.
A plenitude se faz ao encontrar nos braços de nossa família o alento do momento difícil, o colo na carência, a reciprocidade na alegria. Lembro-me como se fosse ontem da festa do livro da alfabetização. Recordo perfeitamente que o sentido daquela conquista passava diretamente pelo olhar orgulhoso dos meus pais. Foi assim quando ao passar por uma cirurgia na infância, a chegada dos avós ao hospital foram a certeza de que tudo já tinha dado certo. E depois, ao olhar meu irmão recém-nascido no berço, senti-me gente grande, me deparei com a realidade de quem descobre que a gente invariavelmente, cresce.
Foi assim a vida inteira ao compartilhar os momentos com os primos, a aprender a dividir com eles não apenas as brincadeiras, mas a vida. Sorriso de filho, carinho de neto, aconchego de mãe, apoio de pai, cheiro de avó, conversas de avô, confidências de primos, cumplicidade de casal. Há algo mais precioso? A alegria de sorrir ao encontro do riso dos tios. Cantar juntos. Brindar juntos. Assim como brindamos no nascimento. No casamento. Na formatura. No dia comum. A chegada de mais um membro nesse grupo diversificado, de conversas desencontradas, de opiniões variadas. A acolhida do amigo que é chegado como irmão. E o coração com uma capacidade de agregar amor, acolher pessoas, ampliar o círculo que nos envolve feito casulo protetor, baixar a guarda e deixar mais gente entrar. É como deixar realmente a luz de Deus entrar. Não consigo encontrar definição para esse milagre da vida que expande por meio do afeto.
Quando alguém parte para a misteriosa dimensão do outro lado, é para o acolhimento da família que corremos. Nada é mais reconfortante que colo de gente querida. De gente que ama a gente na versão natural, que conhece nossa verdade e ainda assim segue amando. E ama cada vez mais. Não para de crescer.
Amor de família ultrapassa barreiras. Cria elos. Vence estereótipos. Supera egos. Relativiza distâncias. Faz com que a gente ganhe envergadura, coragem para o enfrentamento. É coisa de gente grande, mas criança aprende também. Nem as maiores barreiras podem ser empecilho suficiente para barrar esse sentimento transcendental, misterioso e sem igual.
Família é isso. Amor acima de tudo. Amor acima das faltas. Amor no perdão. Na doação. Na distância. Na partilha. Amor que ensina. Que supera. Que aprende. Que surpreende. Que sara. Que não se negocia. Que não cabe em nenhum esteriótipo. Que não tem forma certa. Que não se limita. Amor que não encontramos igual por aí. Ele tem morada certa e cada um de nós sabe direitinho onde encontrar.
Reflexão da semana
“Amai, porque nada melhor para a saúde que um amor correspondido.”
Vinicius de Moraes
Paula Farsoun
Com a palavra...
Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.
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