Tanto

sábado, 30 de setembro de 2017

Tantas coisas ditas, tantas outras esquecidas ou propositadamente deixadas de lado. Tanta gente que convidamos para dividir tudo e tantas outras que dispensamos ou se dispensam. E é cruel de tão natural o tanto que juntamos de glórias e inglórias, testemunhais e testemunhas de que não há nenhum tanto que seja em vão. 

Tanto por viver e tanto por dizer, sempre! É tanto tanto que não se cabe em si, nem nas palavras, tampouco no tanto que se quer viver.

O tanto é também a intensidade com que sentimos as coisas e nos entregamos a quem nos faz ser tanto. Um tanto assim tolo como alegre, brega como risonho, despercebido como intenso, escuro como iluminado, tanto nada como tanto tudo. Um tanto de um misto de coisas que se fazem por tanta fatalidade, acaso e escolhas que fazemos para ser, ter e sentir com o objetivo de dar sentido tanto ao que se explica como todas as outras que não se é possível explicar. Tanta sorte, tanto azar é tanto mundo ainda que o mundo se resuma aos pequenos pares dos quais nos juntamos e pelos quais investimos nossos dias para fazer, enfim, parte do mundo. Sempre tanto por viver, tanto por dizer... É tanto tanto que não se cabe em si, nem nas palavras, tampouco no tanto que se quer viver.

O tanto que muda aquilo que se planejou e acreditou e para tanto o tanto que mudamos para se adaptar sem perder o tanto que carregamos na alma e não é passível de se deixar. Nada é inteiramente seguro, nada é completamente certo. A vida muda num segundo e o que era ontem já não é mais amanhã. Mas há tanto de essência em nós que temos fé naquilo que mexe com o que há de mais profundo dentro da gente. Que nos faz contente ainda que triste, triste ainda que contente e carente mesmo que completo. O tanto que quero dizer é que há tanto pelo que se entregar... Há alguns tantos pelo que morrer mais do que só ser enterrado. Viver mais do que só respirar, caminhar pela vida mais do que só vagar. Navegar nos olhos dos que se ama até mergulhar na alma daquele ser que lhe fascina e lhe preenche tanto que não há mais nenhum outro tanto que lhe importune com essa boa ilusão de eternidade.            

Tanto por viver e tanto por dizer que nem sei... Esse tanto tanto que não cabe em mim, como não cabe nem no tanto ou ao menos no tanto de si. Quem dirá nas palavras ou no tanto que se quer viver. Mas há o que se quer tanto ainda que seja sabido que nossos desejos e intenções de vez em quando sejam um tanto traidores. Mas é preciso confiar, ainda que a intuição seja o único argumento. E os tantos vão passando pelas nossas vidas, dizem uns ser o destino, mas destino ou não é o tanto acontecendo nas nossas vidas. Tanto amor, tanta indiferença, tanta música, tanto grito, tanto silêncio ensurdecedor, tanto tanto de tudo e tanto tanto de nada... Tanto tanto que nem pensávamos que existisse até deixarmos de sentir tanto...   

Tanto por viver que há um tanto de vida que não vivo. Tanto por dizer que é um tanto de coisas assim que nem digo. Quero tanto para mim e para os meus e mesmo nesse tanto que quero ainda é pouco perante o tanto que o tanto é. E de tanto em tanto vamos tentando ser felizes a qualquer custo, dando a cara à tapa, botando as pernas no mundo, porque o mundo nos chama tanto, mas nem sempre estamos dispostos a atender aos chamados do mundo. Nesse tanto não é preciso saber viver, porque não há um jeito e uma maneira certa de se viver e fazer a vida, é preciso viver... Tanto, o quanto antes e sempre tanto.      

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Wanderson Nogueira

Wanderson Nogueira

Observatório

Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.

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