Colunas
Só pra te ver
Acordo cedo, mesmo odiando levantar às sete. Provavelmente porque adoro te ver e louvo a sua companhia, independente da hora e do lugar. Qualquer lugar serve se for com você... Até fila de banco, peixaria ou Detran.
Rio. Compulsivamente, rio quando estou com você. Acha graça? O papel de palhaço está com você — meu circo particular... O sorriso não sai da face mesmo alguns minutos depois de te deixar em casa. Na minha cabeça gira cada detalhe dos seus gestos, cada verbo de seu vocabulário, ainda que em francês com sotaque paulista.
Não sei se isso vai passar, não tenho garantia alguma de quanto isso vai durar, mas sei que está bom demais esse agora que me visita. A história já tem garantidas muitas boas passagens. Torço por continuidade. Que seja trilogia, série, biblioteca inteira.
Assumo: só pra te ver, venço a preguiça, a ranzinza, qualquer mau-humor, porque te ver me torna melhor. Cada encontro com você faz com que eu encontre também com o que há de melhor em mim. Admito: sinto saudade quando você sai pela porta. Se te deixo em casa já sinto saudade. Torço para que sinta 10% da saudade que estou de você. O melhor beijo que já tive. O melhor sono que já pude experimentar. Quero seu abraço de novo. Quero sua boca uma, duas, mil vezes mais.
Receio viciar. Temo embarcar nesse carrossel de emoções. Já giro veloz e mais veloz e tento conter minha ansiedade infantil em não trocar os pés pelas mãos. É estranha essa pressa que meu coração acelera. É vital essa intensidade que se equilibra na sua calma.
E eu não consigo tirar você da minha cabeça. O peito está cheio, todo tomado de você. Meu rosto está iluminado pela luz que você me traz. A poesia é cretina. O preto sobressai ao verde. E você se destaca na multidão. Não chama a atenção de propósito, mas acaba desviando toda a luz para onde está. Por isso, peço: venha! E digo: quero cuidar de você.
Bagunçando meu ser, você coloca tudo no lugar. A cor nas flores, as fumaças do céu em nuvens que se dissipam ao meu simples soprar. Talvez eu não sopre, só para desenhar seu rosto e daqui vislumbrar que posso te beijar. Torci para que seu beijo não fosse tão bom...
Meu coração está tumultuado como cidade grande no horário do rush. Mas te encontro lá e é como se todos os sinais da minha estrada se abrissem e, de repente, tudo fluísse.
Encontro motivos para te ver de novo. Queria poder dizer tudo o que gostaria sem qualquer pudor. Ir atrás do sonho para ter a certeza de que o sonho está entre mim e você pronto para se realizar. A lista de coisas para se fazer juntos se estende plena num varal de simplicidades cotidianas. Convidamos esse cotidiano para nos varrer a alma e fazer com que a nostalgia do amanhã se curve perante o nosso hoje de cada dia.
Rio sorriso estranho que não se explica e se aventura num suspiro secreto que só se revela perante a luz que sai de mim ao pensar em você. Como poderia? Já no primeiro minuto de conversa. “Vamos continuar a conversa que não terminamos ontem?” Após, a conexão se estabeleceu e dali em diante nada mais foi como antes. Aprendi que um encontro, um segundo, pode mudar todo o rumo da história.
Seu rosto cola no meu. Sua respiração invade a minha e confundo o ar que respiro. Suspiro. Tremo por inteiro. Teimo na ânsia. Perco. Ganharia meu esforço? Esforço-me.
Acalma meu mundo confuso. Sonho com teu beijo minutos depois de ter te beijado. O tempo passa e a vontade aumenta serenamente. Por mais que não pense, cada encontro, cada se ver, amplia o desejo de te ter sem te possuir. Tocaria seus lábios com os meus. Te acariciaria para te proteger. Ouço você com atenção. Apresentado a um teatro mágico de situações me deixo comover-se num mover para as estrelas frias que aquecem tudo.
Aceitamos o amor que imaginamos merecer. Eu quero merecer você!
Assim como a lua que muda o ciclo da maré, você dita o meu ritmo. Como a música que define a dança, você me concede os passos. A intensidade é animadora, tanto quanto é avassaladora o ânimo em te encontrar uma vez mais.
Faço tudo, só pra te ver...

Wanderson Nogueira
Observatório
Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.
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