Rei de mim

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Estamos no fim de semana. Amanhã pode ser o fim do mundo. Não me peçam para ser outra coisa. Não vou mudar. Não quero mudar. Por mais que tenha ciência da necessidade, permanecerei assim... Moro ou na melancolia ou na intensidade. Não fico entre uma coisa e outra. Se me falta equilíbrio? Equilíbrio foi inventado para os malabaristas. Nunca tive vocação circense, exceto para ser palhaço de circunstância em plateias restritas que escolha a dedo.

Aos que amo e aos que me rejeitam: acostumem-se! No máximo minha intensidade poderá assustar. Se empolgar será ganho para ambas as partes. Se fosse inventor, insistiria até ver minha máquina de sonhos pronta e em pleno funcionamento. Como humano, insisto até meus sonhos se consumarem para ter novos sonhos. Sou inquieto. Direto. Objetivo. Justo? Persigo freneticamente ser, ainda que por vezes possa doer no meu íntimo assim proceder. No fim, faz bem à minha consciência. Nada como ter leve a consciência e disposto o coração.

Sou entregue sentimental que vibra e sofre na mesma proporção. Podem me rotular de lunático, me fantasiar de maluco! Minha loucura é a vida e não passo sem tumultuar. Meto mesmo o pé na porta e avanço. Atrás da porta pode ter um abismo. Conto com a sorte. Vôo na intuição. Despenco na realidade alheia.

Nada é complicado. Mas há muitos que insistem em complicar. Minha teimosia é essa busca incessante pela felicidade, sem deixar de admitir: a tristeza existe e deve ser experimentada sem meias palavras. Se amo é pra valer e nunca digo "te amo" da boca pra fora.

O amor recomeça e não me peça para explicar. O amor se reinventa e não me diga para evitar. O amor é insistência e não me aconselhe para deixar pra lá. O amor é a tal centelha que ilumina e faz com que vivamos mais do que apenas sobrevivamos.

A vida está numa velocidade que eu não tenho mais tempo para sofrer. A vida está numa toada que eu não tenho medo de gostar. A vida está tão próxima da morte que eu não tenho qualquer receio em me declarar.

Sou navegante da ilusão que se confirma. Vejo o mundo de maneira diferente em que semente e colhedor, abro todas as possibilidades.

É tudo ficção. Da minha imaginação. É tudo coração. Da minha alma.

Minha impaciência é o modo de adereçar as urgências. Tenho urgências, porque meu tempo sempre parece escasso.

Sempre estaremos no passado do sol. A luz das estrelas não é o que é, mas o que foi. A leitura do ontem muda no hoje e será diferente no amanhã. A paixão de agora é sempre a mais avassaladora, portanto a mais importante da vida, até que a vida seja os quatro segundos que a real luz do astro rei seja percebida por nós. A essência da vida é um mistério que não se explica só por esse vácuo temporal.

Dividir ou compartilhar? Dar um pedaço e tomar outro? Ser junto? Ser um? Ser tudo? Decidi amar o outro, mas por mim mesmo. Ser o bobo da corte ou o rei? Quem é o protagonista do reino, afinal?

Rei de mim, o melhor de tudo, é saber que por mais que esteja sozinho, não sou o único que age assim. Divergentes? Se é intenso. Se é entregue ao que acredita. Se ama da forma mais sentimental possível, pode me convidar para o seu reino. Rei ou bobo da corte, somos iguais.  

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Wanderson Nogueira

Wanderson Nogueira

Observatório

Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.

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