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Páscoa de espiritualidade
Recentemente, um amigo meu, desses mais extremistas, afirmou que “as religiões matarão a humanidade”. Como cristão, discordei, prontamente. Porém, confesso que guardei a frase para reflexão. A história tem fatos incontestáveis e até reconhecidamente qualificados como equivocados. A história, vez ou outra, insiste em se repetir.
As religiões de uma maneira geral, em teoria, se assemelham muito no pregar o amor. Especialmente, as religiões com base no Cristianismo. É bíblico e pela bíblia, ainda que sejam diversas as suas interpretações, algo não se altera: o fundamental amor. Mesmo as religiões não cristãs também têm no amor a sua base. Onde está esse amor ao próximo e ao coletivo?
Não sou agnóstico ou deísta. Tenho o catolicismo como religião de formação, ainda que tenha estudado na Escola Batista e logo sido, em parte, influenciado pelos batistas. Após perdas naturais da vida, me aproximei do Espiritismo, mas sem ser exatamente um Kardecista. Diria que acredito um pouco de cada uma para ser apenas um cristão que reconhece o santo homem e o homem santo e busca, com sucessos e insucessos, seguir suas práticas.
Assim, em tempos de Páscoa, nada mais notório do que massificar a boa nova: o amor. O amor que olha e enxerga o outro. O amor que respeita a existência do outro como a sua própria existência. O amor que veste a responsabilidade que cada um deve ter com o mundo e o coletivo desse mundo. O amor que acolhe e se doa sem querer ter publicidade com isso.
O tal amor puro que não julga e nem se coloca acima de ninguém. Amor que não se conceitua ou que vangloria a sua verdade como sendo a verdadeira. Cristo veio, padeceu e ressuscitou para nos mostrar esse amor. Mas onde anda esse amor? Em meio a tantos cristãos, por onde passeia o amor que falta até na voz de pregadores aqui e acolá?
Pela religião, alguns justificam absurdos, preconceitos, morte em vida e morte mesmo. As religiões, e, aqui não me atrevo a especificar essa ou aquela, não são as vilãs. Mas alguns que se fazem nelas e se esquecem dos seus sentidos. Mais do que religiosidade, espiritualidade.
Que a espiritualidade que mora em cada um, possa iluminar nossas próprias práticas. Que o respeito vença a indiferença e que não sejamos indiferentes ao respeito que se deve ter às diferenças e à diversidade.
Que a liberdade nos leve para um caminho de amor. Que o sol da Páscoa possa renovar nossos bons sentimentos para vencer, com amor, o ódio que se alastra, nesses discursos que disparam balas e nessa sede de poder que nos afoga em desigualdades.
Que a vida vença a vida que já vive morta e a felicidade alcance a quem quer de bom coração, independente do seu esforço. A prosperidade não pode ser para poucos e tampouco ter caráter punitivo ou separatista.
Não são, portanto, as religiões que matarão a humanidade. Mas será a nossa espiritualidade que poderá nos indicar, através do amor, um caminho de paz.
Wanderson Nogueira
Observatório
Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.
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