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Olhar para o nada
Ao olhar para o nada muitas vezes enxergamos tudo. O olhar perdido encontra no vazio, respostas às nossas questões existenciais. Aliás, antes das respostas se encontram as perguntas essenciais. E é nelas que reside toda a motivação para saber, evoluir, transcender.
É necessário parar para perceber. É no cômodo de nosso descanso, é nas ruas cheias de gente e cenas, é no banho sem hora para compromissos... O olhar para o nada deve ter respeitada a sua visita. Seja bem-vindo! É a mente querendo dizer algo, é a alma solicitando atenção. Vagando, o olhar vê com intensidade e na entrega breca o tempo ainda que o planeta continue a girar. Mas o mundo pede essa calma e chama para a responsabilidade que temos com o todo.
Desacelerar. Deixa o mundo na sua corrida louca por alguns segundos. Deixa a selvageria do ter adoecer a vida, mas dentro de si permita a cura praticando o ser. É tão lógico, quase banal. Porém, o óbvio precisa ser dito e praticado. É óbvio que precisamos nos reencontrar com nossa humanidade. É óbvio que os bytes, terabytes, kilowattes não substituem o comprimir e exprimir do coração. Nenhuma energia é maior do que esse 21 gramas que deixa o corpo quando ele morre.
A roupa está sendo usada. Essa roupa é finita. Mas dentro dessa vestimenta mortal, há um infinito que extrapola nosso conhecimento acerca do universo. Talvez sejamos mesmo herança das estrelas. Possivelmente, seremos futuras estrelas. As estrelas estavam aqui bem antes de nós. Todos nós somos filhos das estrelas e carregamos dentro de nós essa essência luminosa do universo.
Evoluindo, essa essência luminosa se completa e de essência passa a ser o todo. Assim, quando as estrelas se escondem é para nos ensinar a enxergar e sentir a aurora boreal. Quando a escuridão aparece há uma real possibilidade de percebermos que há uma luz dentro de cada um de nós pedindo para se atentar ao destino de ser estrela.
Desde o princípio, antes da própria existência material, somos seres de luz batalhando para que essa luz cresça e possa iluminar toda a atmosfera. É nosso propósito, mesmo não querendo ser. Há quem se perca, mas não é possível se perder desse destino. Ele vem ao nosso encontro, quer queira ou não.
Muitas vezes é olhando para o nada que se redescobre. Muitas vezes é no silêncio absurdo que a poesia se achega e o extraordinária surge. É extraordinária a experiência de ser humano. É fantástico ver no espelho de nossas emoções a magia da luz se provar. Nós somos essa luz que de centelha pode ser astro.
Ao olhar para o nada, não importa o teto branco do quarto ou a parede amarela. Se vê além. Ao olhar para o nada as paisagens são desconsideradas, independente de suas cores. Se transcende. Ao olhar para o nada as cenas paralisam e os movimentos se tornam superficiais. Você descobre.
Os barulhos cessam e apenas é possível ouvir o batuque do coração. A alma canta músicas desconhecidas e sua voz nos alivia o peso de ser humano e nos dá incrível sustentação para alçar voo sem medo ou receio. É encontrar-se consigo mesmo e desvendar uma força rara e pura que só uma pessoa tem: você mesmo.
Wanderson Nogueira
Observatório
Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.
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