Observatório - 28/12/2013

sábado, 28 de dezembro de 2013
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Hoje é dia de crônica

 

2013 – Uma verdadeira fábrica de saudades

O ano de 2013 foi uma verdadeira fábrica de saudades. Saudades de pessoas que moldaram o meu caráter e me ajudaram a traçar o meu destino. Pessoas que me ensinaram mais do que a viver — a voar. Pessoas que mantenho vivas pelas lembranças, lições, instantes. Pessoas. A vida parece mesmo um instante. 

Se 2013 serviu para alguma coisa, foi para reforçar a minha convicção de que não há nada mais importante, não há nada que eu considere de maior valor que as pessoas. As pessoas são capazes não só de mudar nossos dias, mas nossas próprias trajetórias. Não há qualquer razão senão por, para e pelas pessoas. A razão de tudo são elas que nos fazem rir, chorar, ter esperança, ter biografia.

Infelizmente, as pessoas nos são tiradas de forma muito rápida, às vezes ou sempre, de maneira que nos dói muito. É o tal buraco no coração que fica. A dor até aquieta, mas grita em muitos momentos da vida que continua sempre. O mundo não para mesmo para que a gente conserte nosso coração. O ano vai continuar, o outro virá e o ciclo da vida se consuma. Muitas vezes eu acho idiota esse ciclo da vida, especialmente quando ele sai do eixo. Mas também não nego que sejamos um tanto egoístas, quando precisamos enxergar a força superior, essa grande energia que é Deus. É preciso ter fé. Mas mesmo com fé, sofremos quando quem amamos parte.

Nunca perdi tantas pessoas que eu amava como em 2013. Perdendo, posso dizer, ganhei. Queria continuar ganhando tudo o que essas pessoas me deram: felicidade. Sou grato demais por ter tido o privilégio de ter por 30 anos a mãe que tive. Tão novinha e linda... Meu exemplo maior, meu amor maior. Sou grato por ter sido abençoado com as lições do mestre Laercio Ventura. Como doeu vê-lo partir. Aos dois, tenho promessas que me vejo obrigado cumprir. Não dá mais para conversar com eles e desfazer as promessas, né? Novos mesmos, três grandes amigos que vi partir da mesma forma abrupta, de repente, em acidentes de carro. Como é triste a vida se interromper na juventude. Markinho Galhardo, que exemplo de ser humano. Um ser iluminado. Ah! Que saudade! Luiz Fellipe Caetano, meu grande amigo. Henry Correa, mais que um colega de trabalho. Haja lágrimas! Haja saudade! 

Dizem que só tem saudades quem amou. Se assim é, amei demais! Amei e amo com entrega e continuarei amando, mesmo sabendo que a partida pode ser a qualquer momento. Aliás, amarei ainda mais, porque a maior herança que nos deixa a terra é o amor. Minha irmã Lucrécia... E, chorei como toda a cidade com as perdas do Nelmo Ricardo, Bini, Coracy Martins, Rodolpho Abbud, José Manoel. Meu Deus! O céu nunca esteve tão cheio e completo! Meu Deus, quanta gente, quantas memórias... 2013 foi realmente um ano de dores, partidas sofridas. Uma fábrica de saudades, cujas produções não se findam em 2013. São imperecíveis. São para sempre!

Tudo que se perde, se separa — se encontra. Enquanto não reencontro a cada um deles, a vida vai seguindo seu rumo porque precisamos seguir. A grande prova de amor é prosseguir o legado que cada um deixa. As pessoas só morrem quando são esquecidas. Por isso, jamais me esqueço do meu campeão SwianZanoni, nem do meu camarada Hugo Anselmo. Não dá para esquecer daqueles que trazem estrelas aos nossos dias e nos iluminam mesmo não estando mais aqui... São estrelas que cintilam na memória. São sóis que nos guiam na escuridão. A matéria pode até virar pó, mas as história se perpetuam na gana de seguir os exemplos. 

Se condeno o ano de 2013? Diria que não faço questão do ano que finda. Meto, educadamente, o dedo na cara de 2013 e digo: você não findou nada! Apenas, fabricou saudades que podiam esperar um pouco mais. A gente sempre quer mais. 2013 acaba, mas o que fabricou, essas imensas saudades, prosseguirão até o ano que vai me colocar o dedo na cara e dirá: "Wanderson, é hora de reencontrar todos aqueles amores”! Até lá, ouço canções, vejo retratos, filmes, instantes que me fazem reencontrá-los em quase tudo que faço, em tudo que sou! Valeu muito amar cada um deles! Valerá manter suas histórias no vento, no pensamento, no coração, na alma, no sentimento. Fechem essa fábrica de saudade! Mantenham aberta a incrível fábrica do amor! 

 




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Wanderson Nogueira

Wanderson Nogueira

Observatório

Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.

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