Observatório - 26/04/2014

sábado, 26 de abril de 2014
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Hoje é dia de crônica

 

Poesia real

Às vezes, sinto uma saudade danada, dessas boas, mas doída. Saudade de gente que aqui está (atarefada demais ou ausente mesmo) e de quem nunca mais poderei ter um dedo de prosa ou um olhar.

Sou refém das pessoas, meio apaixonado, daqueles incorrigíveis, por gente... O que posso fazer? Querer mais e mais pessoas no meu caminho para que minha vida seja mais interessante.

Sei bem, e devemos saber, que vez em quando seremos feridos. Em algumas ocasiões, a decepção pode nos visitar e tirar de nossos olhos lágrimas. Mas sei bem, e devemos saber, que também seremos curados. Em diversos momentos, seremos surpreendidos, e de nossos olhos também sairão lágrimas de boas emoções. Tanto o sorriso como o choro só têm uma razão de existir: as pessoas. Todas as emoções de nossa história estão ligadas às pessoas. São as pessoas que garantem que nossas biografias não são em vão.

Ganhar pessoas é essencial. Perder as pessoas é algo natural. Por isso, é necessária a pressa em ser feliz. É pertinente não perder ninguém em vida. A vida é um instante e nos prega peças. A saudade é a única garantia que temos. Por isso, meu grande desejo é ser fábrica de nostalgias futuras. Já disse e repito: nossa missão é fabricar nostalgias futuras.

Tudo passa, mas as histórias ficam em lembranças que nem o vento ou o tempo levam. O mesmo vento e o mesmo tempo, no entanto, trazem de volta nos sonhos a presença forte de quem amamos e com quem já não podemos mais produzir tais nostalgias futuras. Mas o amor perdura...

A saudade é a comprovação do amor. É bom, mas dói. Traz alegria, mas também doses de tristeza. No fim das contas, apesar de todos os poréns, se pudermos optar, optaremos por amar e amar cada vez mais. O amor é o que nos furta da solidão, ainda que nos conceda no futuro a tal saudade boa e doída.

Somos assim feitos de abraços e olhares. Tato e alma. A maior riqueza que uma pessoa pode ter é a coleção de pessoas que soma pela vida. Pessoas que são únicas, por isso, tão exclusivas. Mais exclusivo ainda, por incrível que pareça, é cada olhar e fala. Mesmo saltando dos mesmos olhos e da mesma boca, são igualmente únicos. A vida e as relações que firmamos com outras vidas... É ou não é espetacular?

Abuse. Abuse em colecionar pessoas pelo caminho. Trate cada uma com carinho. Ame-as tanto quanto puder e se esforce para amá-las ainda mais. Você merece. Troque conhecimento e experiências, mas, acima de tudo, troque bons sentimentos. Marque cada umas dessas histórias, tanto quanto quer personagens marcantes na sua história. Se estamos nesse mundo, vamos aproveitar cada momento que ele oferece, mas compartilhemos com as pessoas ao nosso redor cada sol e instante. Essa é a poesia e só assim a poesia existe. Acotovele o tempo e os compromissos chatos. Escolha se comprometer com a humanidade que existe dentro de você e essa humanidade diz que você precisa de pessoas... 

Quero, enfim, sem temor, sentir essas saudades boas e doídas. Por mais difícil que seja seguir em frente sem pessoas que passaram por mim acendendo meu encantamento pelos dias, quero devotamente vivê-las. Aproveitar as suas passagens pelo meu caminho e tê-las o tanto quanto puder. Se elas se vão, um dia também irei, quem sabe, reencontrá-las, em um tempo sem despedidas, onde o amor una aquilo que o mesmo amor separa.  

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Wanderson Nogueira

Wanderson Nogueira

Observatório

Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.

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