Observatório - 23/08/2013

Estava lendo uma entrevista do ator Antônio Fagundes sobre o seu controverso personagem César, na qual a seguinte frase chamou minha atenção. "César é um personagem que tira a máscara do público”.

Ele concluiu isso após relatar que percebeu que, de repente, só os homens começaram a lhe parar para tirar foto. "As mulheres estão com raiva porque César tem uma amante; os gays por causa do Félix. Então por que apenas os homens estariam me abraçando e tirando foto? Ou porque são enrustidos ou porque são homofóbicos como ele”, disse o ator. O César é um personagem que tira a máscara do público.

Na primeira novela em que há um gay muito mau caráter, se tem a oportunidade de discutir de maneira mais igualitária a questão. Antes os gays eram mostrados apenas sob a ótica do cômico, do amor, para despertar simpatia. Ninguém é bom ou mau por ser hétero ou por ser gay. Sexualidade não define caráter, ainda que ajude a definir personalidades. A reação à sexualidade pode expor características, como a do personagem César da novela Amor à Vida. Pessoas boas também erram e pessoas más, às vezes, acertam.   

Recente enquete na internet perguntava: "Você concorda com a atitude do César de obrigar o filho a voltar pro armário?”. Deu empate. 50% a favor e 50% contra. É um tema extremamente polêmico, mas que precisa ser debatido.

O Brasil é um país conservador, mas, mesmo com todo seu conservadorismo, a homofobia não pode ser tratada como brincadeira. O preconceito é uma babaquice, mas quem é que não tem preconceito de fato?

O que você faria se fosse o César? O que você faria se fosse o Félix? Quem é mocinho e quem é o vilão nessa história? O vilão surge por conta do mocinho ou o mocinho por conta do vilão?  

Se há algo bom nas novelas é que elas colocam essas pulgas atrás da orelha.

 

Cefet no Cederj