Observatório - 22/12/2012

Vigiando a sua cidade do Alto do Catete, o Cão Sentado ganhou vida inteligente e resolveu se levantar. Vendo tudo que aqui acontece, vendo nossa gente indo e vindo, muitas vezes sem saber para onde vai, o Cão Sentado resolveu montar a sua árvore de Natal. Ao invés de enfeites e pisca-piscas, o Cão Sentado resolveu, através de suas insistentes observações, colocar na árvore seus desejos para Nova Friburgo. Ao invés de enfeitar a árvore com bolas coloridas, o Cão Sentado colocou na árvore seus sonhos para os friburguenses. 

E, assim, pacientemente, mas com ousadia, ele colocou na árvore os seus pedidos:

Espiritualidade para acender dentro de si aquilo que se quer para fora. Nada adianta querer muito para o externo, se internamente a gente não se veste da luz que só a espiritualidade pode dar.

Ousadia foi o primeiro deles. Quem não ousa, faz apenas o que é comum. O que talvez seja prático, mas nada inventivo.

Pessoas que andam cabisbaixas, que não têm otimismo ou esperança, tendem ao entreguismo. Essa atitude permite que o mal se torne maior do que o bem. Elevar a autoestima é elevar-se e também a tudo que está à sua volta. Autoestima elevada inspira.

Pois é a inspiração que faz a criação ser magnífica. Inspiração dá o poder de fazer grandes coisas, ao mesmo tempo em que possui em si certa motivação inabalável. É a inspiração que cria músicas, poesias, prédios e todo o resto.

 

Terra sem diversão é muita chata. A diversão alimenta o corpo e alma. A diversão faz sorrir e se emocionar. Uma cidade sem emoções é fria. Uma cidade sem sons, sem cores não faz corar a face, tampouco eleva. Até a paz tem que ser divertida, pois se não é paz dos cemitérios, que todos recusam.     

Não basta ter sonhos. É preciso que os sonhos sejam apaixonantes para apaixonar o que sonha e todos que circundam o sonhador. Se para realizar é preciso sonhar e se a paixão é que move o mundo, então que todos os sonhos sejam apaixonantes. 

É preciso muita coragem para se erguer após a queda e coragem ainda maior para admitir a queda. É preciso coragem para lutar pelos sonhos e coragem ainda maior para trocar de sonhos. Coragem para falar o que pensa e o que quer.  

Não há causa sem idealismo, que muitas vezes se confunde com fé e planos. O idealismo sustenta objetivos, mas no fim é apenas meio para a finalidade maior – a felicidade. Idealismo nas ideias. Idealismo em tudo.

No pinheiro, o Cão Sentado incrementou a sua árvore com as fotos das mais belas imagens da cidade. Não, o Cão Sentado não colocou sua foto lá, nem o Caledônia, o Country Clube ou qualquer outro belo ponto turístico. As mais belas imagens da cidade, na serena visão do Cão Sentado, são os sorrisos ingênuos das crianças, o olhar confiante dos jovens, os cabelos brancos ao vento dos mais velhos, o andar ligeiro das trabalhadoras, o rosto verdadeiro dos adultos à espera daquilo que uns chamam de fé e outros de esperança. E há lógica na escolha do Cão Sentado que tudo vigia do Alto do Catete. Nenhuma beleza turística, nada, nada supera e é mais importante numa cidade do que a sua gente. Não há cidade feliz, sem gente feliz! Cidade rica é a que tem povo rico. Cidade boa é aquele que é boa para a sua gente. 

Na sua gigantesca árvore, o Cão Sentado ainda deixou espaços para que outras fotos possam ser colocadas e outros pedidos e desejos. Basta se achegar. Basta acreditar! Sonhos de Natal são verdades que se realizam!  

Pode ser que após este Natal o Cão Sentado volte a se sentar lá em Furnas. Pode ser que jamais volte a sentar de novo. O fato é que se Papai Noel, Deus ou mesmo os homens, mulheres e crianças de Nova Friburgo realizarem os desejos do Cão Sentado, Nova Friburgo ficará bem melhor! Nova Friburgo será o gigante acordando e o Cão Sentado será o seu amigo fiel.

Feliz Natal!