OBSERVATÓRIO - 22/11/2014

sexta-feira, 21 de novembro de 2014
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Hoje é dia de crônica

 

Geri

Eu abro os braços e em vez de domar o vento, deixo o vento me abraçar. Recebo-o em meu peito... Nessa hora minha alma voa mais do que posso, mesmo quando finjo ser o Superman. Eu não posso voar. Mas o vento me faz voar. Mais rápido, mais rápido e veloz. O sol se põe, como se põem as minhas lágrimas nos olhos invadidos por uma emoção indescritível. O sol faz de laranja o imenso pano azul estendido no varal do infinito. Seus raios invadem as águas que percorrem caminhos extensos que nem sempre são possíveis de conhecer. Para que essa pretensão de saber? Aqui não há perguntas pela total desnecessidade de respostas. 

Deve ser essa a sensação da liberdade. Abra as asas sobre mim! Deve ser esse o som da paz. Meu coração batendo, minha mente viajando sem pensar em nada além do instante ali presente. Nem passado ou futuro. Todas as possibilidades em um segundo. 

A vida é mesmo fantástica e é um dom vivê-la. Percebê-la é um talento que cada um carrega em si, adormecido. Acorda. Desperta para esse talento e diz que sim. "Tá?”

É livre o que diz a luz do sol. Essa luz se traduz na visão de cada um. 

Viaja no vento a luz tanto quanto os meus pensamentos que dizem "eu amo”! Essa é minha grande força e também a maior de minhas fraquezas. 

Os amores antigos voltam porque nunca se foram ou vão. Apenas se aperfeiçoam. É o que o vento joga na minha cara, tanto quanto diz: amor é cruel por ser perseverante. Amor é dose que se toma na colher da paciência. E não adianta insistir em corrigir, acrescentar ou consertar. Apenas se evolui para o nada ou para o tudo que tem que ser que pode ser o meio termo ou o que não se espera. Amizade. É adorável o incerto de tudo. 

Fica em silêncio. O silêncio daqui não constrange. 

As estrelas cadentes caem do céu e há várias já passeando aqui por nós. Fantasiam-se de sorrisos e colorem o mundo com luz. Chama para dançar. Convida para cantar na noite iluminada apenas pelas luzes sob nós. 

É lindo o dia. Hoje faz um belo dia. Glorioso é o que vem dele. Eterno é o que fazemos dessa glória que se derrama sob as nossas cabeças. Eu quero bailar com o vento. O vento é meu companheiro. Leva tudo que já não serve mais. Me traz amor mais do que sorte. Liberta as angústias para que elas se transformem em lições. O vento limpa meu espírito e conduz a minha conversa com a natureza. Leva meus agradecimentos e traz as minhas missões. Conserva as amizades, porque não há beleza maior que carinho de amigo. Único amor perfeito. Única paixão que não se encerra. Só no abraço da amizade se pode arriscar eternidade.

Venta e me envolve em fé. Traz fluxo. Traz energia para contagiar quem está à volta. Leva a dor e só deixa saudade que não permite tristeza. 

O vento me dá a consciência de que o universo conspira a favor daquilo que tem que ser. Eu sei. Eu sei que o vento muda o destino das ondas do mar, das folhas das árvores e das areias. Mas esse mesmo vento não pode mudar os meus rumos, ainda que me acaricie a face e os pés. Eu tenho o livre arbítrio que nenhum outro ser possui. E é isso que torna essa relação tão mágica e recíproca. Eu sou maestro e ele, música. Eu sou som e ele, instrumento. O que é meu será meu. E não há ninguém que mude isso! 

Geri. Geri paixão pelas mais simples coisas. Geri vontade imensa de felicidade e respeito ao que me faz feliz! Geri a morada de paz em mim mesmo. Geri ser o canal de alegria para quem me contagia. Contagiado, canto mais e mais forte até ficar rouco, porque é assim que se canta. Voo mais e mais veloz. Elevo mais e mais alto os meus sonhos. Há música nos meus olhos. Há plenitude em meus passos. Sou amigo do vento e sei que o vento levará o que tiver que ir e trará o que preciso lidar. De peito aberto e alma leve só me diverte o que posso gerir agora das minhas conversas com o universo.

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Wanderson Nogueira

Wanderson Nogueira

Observatório

Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.

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