Observatório - 21/12/2013

sábado, 21 de dezembro de 2013
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Hoje é dia de crônica

 

A Boa Nova


Não é manchete nos jornais, nem notícia na televisão. Mas eis que surge a boa nova de mais de dois mil anos. Adentra casas e corações sem necessidade de alto-falantes. Não necessita de grandes anúncios para preencher os olhos dos mais jovens e dos mais idosos também — de todos. Entra para ficar e uma vez dentro não sai mais, pois incendeia a alma em luz. Traz a paz da festa que canta e vívida vive mais do que apenas essa atitude contemporânea de sobreviver.

Não vem com frases de efeito. Não vem em gestos exagerados. Surge mansamente como a brisa da manhã e se faz vista como neblina na serra quando a noite evolui para a madrugada. Está na gota do orvalho que despenca das folhas verdes. Está no suor vespertino das folhas secas espalhadas pelo chão. Corre solta pelo ar e passeia livremente por cada ser que aqui habita e que aqui habitou e habitará. E, em cada ser alimenta de sonhos e fé. 

Coragem para crer! Desperta para ver!

Repetidamente a boa nova persiste e insiste em querer saber de você. Traz sorriso verdadeiro. Vem na lágrima advinda da emoção feliz que contagia. Canta sem abafar o soar dos pássaros. Vibra sem sobressair ao choro do bebê que nasce. Brilha, sem competir, com a noiva que entra na igreja para prometer e receber a promessa de que sua biografia terá testemunho e não será em vão. É misteriosa como a saudade que envolve o coração em nostalgia. É nobre como a esperança que insiste em ser realidade. É contemplativa como as estrelas que observam do alto toda a magia que se costura no chão de astros que plantam na expectativa de colher e que mais cedo ou mais tarde colhem. É afetiva como gratidão de quem diz sem dizer "obrigado”.

É indefinível, é grandiosa, tão imensa que deita na eternidade e se diz para sempre para caminhar do hoje para o infinito e além. Compartilha-se e aprende que não há lição maior do que a de compartilhar. A boa nova ensina que felicidade de verdade é aquela que se cria no compartilhar. Que amor só é amor se com o outro que se doa e recebe com louvor o sentimento que recebe.

A boa nova está aí, preciosamente debruçada há mais de dois mil anos diante de nós. Sem coroa de ouro, sem a pompa dos reis, sem segredos que paralisam, sem a arrogância dos palácios que acham que decidem acerca dos nossos destinos, sem vestimentas que impedem o sol de passar. Faz sombra com as árvores só para provar que a luz existe e ilumina. Presença forte que levanta quem está caído e mantém firme quem busca a compreensão mesmo quando não entende. É descoberta que está sempre à espera para ser desvendada. Invade no mergulho profundo: tudo se pode, até voar... Nada é impossível. É a energia que vem quando o cansaço já impede de continuar. É a pouca importância que se dá para as diferenças quando o amor tudo une, respeita e que por amor se olha o outro com o dom de quem abraça a causa humana. É a derrocada da solidão. É o silêncio no meio das barulhentas multidões. É a alegria permanente de quem tem o céu dentro do peito e traz para perto os milagres como a magia que é ouvir e falar.

A boa nova está aí. Em todos os lugares, em cada minuto de todo dia. É a forma que completa. É o jeito de persistir no lema que a vida é o certo e que o amor é o combustível que faz a vida existir. A boa nova pede o sim. O sim ao encantamento por essa simplicidade que nos visita no bailar da poeira, no ritmo do mar. Sim a essa conversa que se faz nas mãos que apontam o horizonte ou se juntam em oração. Sim a cada tom que faz distinguir o azul do verde, o rosa do vermelho, o marrom do amarelo. Sim ao incerto do caminho que descamba na única certeza máxima e absoluta: a boa nova.

Boa nova que se espalha ao longo dos anos desse velho e fantástico universo e se mantém acesa e firme como presença que preenche e acolhe até quem precisa das manchetes dos jornais ou as notícias da televisão para saber que existe e está consumada. Acolhe a quem espera e não soube ainda que a espera acabou há mais de dois mil anos. A boa nova está em todos os lugares e só é preciso um pouco de percepção para ser absorvido por esse sentimento que... Faz feliz demais e concede a tal vida que não cabe e o tal amor que não vacila. A boa nova é você também e quer ser celebrada a cada 25 de dezembro, 1º de janeiro e 6 de agosto. A cada dia, a toda hora, em todos os momentos. Porque a boa nova nasce, cresce, não envelhece, renasce e não muda. A boa nova é esse estado permanente de paixão e olhar sereno para a vida que transborda persistente em ser feliz.

 

José Elenio ou simplesmente Zé é mais um daqueles batalhadores que não encontram tempo ruim. Está diariamente

na Rua Moisés Amélio com seu carro adaptado, por ele mesmo, para a venda de churrasquinho. A churrasqueira ambulante

recebe o nome de X-Marrom, em sátira inteligente ao famoso restaurante de Mury. Trajanense, morador de Amparo

há muitos anos, Zé sorri abertamente para a vida e o trabalho e encanta a todos que atende.

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Wanderson Nogueira

Wanderson Nogueira

Observatório

Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.

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