OBSERVATÓRIO - 21/02/2015

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015
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Hoje é dia de crônica

 

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Essa coisa de paixão contagia. A gente foge de se apaixonar, mas o que mais quer é se apaixonar. Ter esses elementos que nos motivam a acordar e enfrentar o que quer que seja. A paixão fortalece, tanto quanto enfraquece, e esse cabo de guerra nos possibilita ser o que realmente somos. Fugimos da paixão querendo encontrá-la. Encontramos quando menos esperamos. Porque paixão acrescenta tanto quanto tira. Ao tirar o chão, quem sabe você não aprende a voar?

De repente, a canção surge e não mais que de repente faz sentido. Não queira compreender entendendo. Mas entende compreendendo. Medir força é uma tolice que se encerra pouco depois de começar. É bom. Os cientistas diriam que é como droga. Provariam que os efeitos são semelhantes. Os que se entregam garantem que é mais vital do que dependência nociva. Talvez seja vital a tal necessidade de se dar, de se ter, divagar... Nunca devagar! O coração pede pressa. As horas estão correndo para o precipício. O que haverá além? 

As estrelas estão suspensas no céu e me pergunto onde está você para me explicar o nome de cada uma delas. O nome do conjunto de cada uma delas. Apontar para cada uma delas e me ensinar sobre o mapa dos astros, enquanto tento desvendar a sua astrologia. Onde você está? Queria que você estivesse aqui, agora. Relativizando, teorizando tudo com a sua matemática, que insisto: seja dois e dois é igual a cinco, mais do que dois mais dois igual a quatro.

Razão e emoção — admite nossas diferenças. Pela primeira vez, vejo contraposto o meu conceito de que os iguais se juntam mais do que os opostos se atraem. Prova-me que os opostos se completam. Discordo, momentaneamente, querendo concordar eternamente. Convido sem nada falar: vem me completar. Isso acontece quando desvio os olhos para o seu olhar e sorrindo te admiro. Fujo. Mas a fuga é em vão, porque quando ameaço levantar da cadeira me imagino dentro do seu abraço, querendo fazer morada no seu coração. Quero o toque destemido, mas com medo e receio vou até onde devo: as pontas de seus dedos, quiçá, a silhueta de seu rosto. Sombreio a sua alma e faço desenho dela. Minha abordagem é a poesia, enquanto a sua arte é matemática. 

Ah! Livre, quero me prender a toda essa impossibilidade de ser completo, porque você diz não querer completar a ninguém. Desmonta minhas realidades que se transformam em fantasias que não se tiram ao fim do carnaval. Minha folia vai além do sábado de aleluia. Peço. Imploro. Seja mais do que a exatidão da matemática e desconstrói essa alma de Libra que se finda ao despertar de novembro.

Disperso, não desperto. Coerente, não liberto. Apaixonado, tento apaixonar. Quase lá... Peço ao destino, em oração, esse golpe de graça. É esse meu jeito de me apaixonar sem saber o que é paixão. É esse sem sentido que me renova o gosto pelo perigo de gostar de alguém. 

Concordo no teorema da vida que dois e dois podem ser cinco. Animo. Explica usando a física, quando queria que esquecesse tudo o que é exato para embarcar no mar que não se pode prever. Queria tirar a sua roupa de precavida e topar com seus argumentos sem qualquer subterfúgio de sonso que se utiliza disso para se proteger. Não ofereço proteção, mas posso dar todas as armas para se desproteger e encontrar o mundo que poucos se submetem a encontrar.



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Wanderson Nogueira

Wanderson Nogueira

Observatório

Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.

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