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Observatório - 14/09/2013
sábado, 14 de setembro de 2013
Hoje é dia de crônica

O que é que eu vou fazer para que o dia termine mais feliz? Tem coisas que acontecem e que a gente não consegue intervir. Tem escolhas que fazemos acertadamente que se mostram erradas. Mas como saber de início que seriam erradas se o acerto ou erro só aparecem no fim?
Eu não sei se eu queria chegar ao fim de tudo, ao fim sempre. É tão bom o meio em que se ainda tem o dom de se iludir. É tão boa a esperança que nutrimos antes de dormir. Eu não queria dormir! Não, pelo menos por essa noite. Cheia de realidade em que as estrelas são a única invenção que mantenho viva. O resto todo é luz morta, que vira apenas crônica perturbadora de algo que vivi e morreu ou canção que ousei cantar, mas que se paralisou pela falta de ritmo de quem só foi letra, mas não encontrou melodia.
A melodia que me dão facilmente — recuso. Mas a melodia que luto me invade, porém nunca é minha.
Quero dormir e não acordar mais. Mas se acordar, quero ser diferente. Não mais quero me doar às impossibilidades. Não mais quero sonhar com o que não tenho ou não posso ter. O amor não nasceu para mim...
Não nasceu para mim o amor e para mim apenas foi concedido o platônico em que é doce o engano apenas para que eu produza devaneios sofridos no papel que amanhã embrulhará peixe ou servirá para reciclagem. Eu não me reciclo ainda que o mundo me convoque para tal. Após a festa vou sozinho para casa, enquanto todos os outros vão acompanhados. Até posso fingir ir com alguém, mas ao ir dormir a realidade ao meu lado roncará me incomodando enquanto sonho com o que jamais me será permitido. Amo as impossibilidades por não me serem possíveis. Esse é o prazer e o defeito de quem louva o exagero e é feliz apenas com o desafio que se atribui.
Sofro com a veemência dos fortes, pois bem sei que apenas os fortes sobrevivem. Os fracos não se arriscam. Os fracos vivem sem viver e vivem para morrer. Eu vivo intensamente e pago caro por isso! Choro ao ver que o mundo desaba pelo que os meus olhos veem o que meu coração sente e flagra.
Impossibilidades possíveis aguçam meu espírito guerreiro, atraem meu lado desafiante que crê que o impossível é mais abstrato do que concreto.
Assim como expectativa é a mãe da decepção, as crianças sempre choram no final.

Jayme, 84 anos, é porteiro há 20 do tradicional Edifício Comércio e Indústria, fundado na década de 70. Pai de cinco e avô de oito,
Jayme também trabalhou por 10 anos como porteiro da Sociedade Esportiva Friburguense (SEF). Colecionando amigos,
Jayme sempre se mostra muito solícito e prossegue firme nas suas atividades

Wanderson Nogueira
Observatório
Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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