Observatório — 10/05/2016

segunda-feira, 09 de maio de 2016

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O dia

Em 10 de maio de 1994, Nelson Mandela tomava posse como presidente da África do Sul.

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Palavreando

Há quem dê o mundo por poder, há quem mate por vaidade, há quem roube por riqueza, mas há também quem migalhe por amor, há quem dê tudo o que tem por paz e há quem dedique todo o seu tempo a alguém.

Sorte de campeão, raça de vencedor

O Vasco é o legítimo bicampeão carioca deste ano. Algo que não ocorre desde 1992-1993. Além disso, o título veio de forma invicta tornando o Vasco o time com maior número de conquistas invictas do Estadual, seis no total.

O Vasco não foi superado por nenhum time neste ano. A invencibilidade que já dura seis meses, só esteve em risco, quando o Gigante da Colina enfrentou o Botafogo e por incrível que pareça o Friburguense. Com o rebaixado time de Nova Friburgo, o Vasco suou para empatar em 2 a 2 em São Januário. Diante do Botafogo, seu maior adversário neste Estadual, foram quatro jogos, com duas vitórias e dois empates. Em todos os confrontos o mesmo grau de dificuldade, o que só vem a engrandecer a conquista vascaína. 

O Botafogo foi um bom vice. Tentou a todo custo fazer o que parecia impossível. Mas o Vasco tinha base, tinha Martin Silva e tinha Nenê. Foi o time mais preparado do Estadual e por isso sobrou até certo ponto. Tanto é que, o Vasco campeão de 2016 é bem melhor que o Vasco campeão de 2015. Um time muito mais completo, regular e que se não é brilhante tecnicamente, é formidável taticamente.

E aí é que entra o técnico Jorginho. Uma grata surpresa desde que chegou ao comando cruzmaltino, ficando bem próximo de ter operado o milagre de salvar o Vasco do anunciado rebaixamento no Brasileiro.  

Outro destaque é o preparo físico e as raras contusões do elenco vascaíno. Resultado do pioneiro projeto científico que vem sendo desenvolvido em São Januário. É a ciência sendo usada para assegurar o talento e o alto rendimento. É o profissionalismo, finalmente, dando ar de graça no futebol carioca que clama por modernização.

O título do Vasco consolida a união entre os jovens e os experientes, a administração de Eurico Miranda e o sonho de que o gigante renasça de forma sólida para se reaver como protagonista também no cenário nacional. Deflagra também a necessidade de que Flamengo, Fluminense e o próprio Botafogo precisarão se reforçar. Alterando inclusive estruturas. Isso para não passar aperto na Série A do Brasileiro.

Bernardo Ribeiro

Há coisas realmente inexplicáveis na vida. Toda perda é dolorosa, mas algumas ficam muito complicadas de se admitir ou arranjar argumento. A perda de Bernardo Ribeiro, da forma que foi, entra nessa falta de argumento ou de explicação.

Não é porque se foi que quer se vestir nele o manto de santo. Porém, é preciso dizer o quanto Bernardo era realmente um ótimo menino. Sempre sorrindo, de bem com a vida, tratando toda e qualquer pessoa com a mesma simpatia e dignidade. Sempre se colocando à disposição, repleto de sonhos e expectativas como todo jovem de 26 anos.

Talvez isso é o que mais dói. Ver tantos planos consolidados derreterem em poucos minutos. Como um anjo, Bernardo voou fazendo o que mais gostava: jogando bola.

Começo a acreditar mesmo que há certas pessoas que vem para uma passagem muito breve pela Terra. Talvez para nos ensinar essas simplicidades que esquecemos em praticar no cotidiano.  

Dizem que uma pessoa vem para esse mundo para aprender. Bernardo talvez tenha aprendido rápido demais e cumpriu sua missão antes do que gostaríamos. Por nossas próprias vaidades e egoísmo de querer perto e junto da gente por mais tempo a quem admiramos. Ficará, ainda que não do modo como gostaríamos...

Na nossa incompreensão frágil de humanos, diremos que essa morte é uma estupidez. Na visão divina que é sábia, fica a lição: a vida é um sopro. Não importa se você é materialmente rico ou pobre; se é atleta ou sedentário; se tem conhecimento médico ou não. Um fator ou outro pode amenizar, mas não define. Há uma força poderosa capaz de tirar o chão de quem quer que seja. Há um mistério que tira de nós ou nos dá verdadeiras bênçãos. O nosso controle sobre a vida é muito restrito.

Markinho estará com a camisa 10 do céu pronta para passar ao nosso Ribeiro. Swian fará roncar o motor de sua moto para dar a ele às boas vindas. Aos amigos e pais ficaremos imaginando esses encontros na expectativa de um dia, da arquibancada revê-los, dar a eles abraços apertados. Enquanto isso, com saudade intensa, aqui, contaremos as suas histórias e nos acolheremos uns aos outros. Através de seus exemplos não devemos apenas nos inspirar, mas precisamos acima de tudo imitar suas coragens e as boas formas de agir.

Quanto a mim? Reservo-me ao direito de não aprender a perder as pessoas, de não aprender a dizer adeus. Mesmo sem entender, respeito, mas reconheço a minha humanidade em não aceitar certas despedidas, ainda que serenamente.         

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Wanderson Nogueira

Wanderson Nogueira

Observatório

Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.

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