OBSERVATÓRIO - 10/01/2015

sexta-feira, 09 de janeiro de 2015

Hoje é dia de crônica

 

Percepções

Tempo? Sempre achei que não tenho tempo. A verdade é que o tempo é sempre curto e muito rápido. Um velocista que busca a linha de chegada. Por isso, corro demais. Antecipo as coisas. Glorifico o agora como minha maior dádiva. O depois sempre será resultado do hoje, que é extensão de ontem. Assim, o tempo me ensinou e com o aprendizado deixei de guardar as roupas novas para ocasiões especiais. O agora é a ocasião especial.

Morte? Reticências. Não quero descobrir o que vem depois dessas reticências, apesar de toda a curiosidade. Ante a curiosidade, cultivo a fé.

Vida? Reticências. Com a diferença de que podemos preencher o que vem depois delas até as reticências surgirem de novo ao final de cada frase. A vida é um grande livro com muitos capítulos e textos. Escrevemos a nossa história convidando alguns poucos e bons que protagonizam, antagonizam e formam o nosso compartilhar de tudo. A vida não tem graça se não for compartilhada. Nascemos para viver juntos.

Felicidade? É o objetivo maior da vida. É a finalidade, sendo que a felicidade não mora no fim, na consumação da conquista. Felicidade está no meio, no caminhar, no fazer e construir. A felicidade é o direito maior de todos. Não cabe a ninguém julgar o que faz o outro feliz. É algo muito individual. Por isso, o que faz feliz cada um tem que ser respeitado. O estado de felicidade é igual, mas o que leva a ele difere de cada um. O entendimento dessa singularidade é um dever tão grande quanto o direito supremo à felicidade.

Coragem? Coragem não é a ausência de medo, mas a capacidade de admiti-los e enfrentá-los. É ação com o coração, mais do que na morfologia da palavra em si. Há certa ingenuidade na coragem e é essa ingenuidade que garante a nobreza do ato. Vai em frente porque tem que ir, sem necessidade de longas explicações. É um misto de fé e humanidade. Só os corajosos, só os que agem com o coração herdarão a Terra.

Amor? É o que todos querem. O amor é essa entrega inexplicável que fazemos de nós mesmos. É doação de tempo, peito, abraço, história. Amar é o verbo dos verbos. Capaz de fortalecer e também enfraquecer. Somos seres de amor. Mas nos perdemos de nós mesmos muitas vezes. O amor é a única forma de se redescobrir. Amar é melhor do que ser amado, mas saber ser amado é talvez qualidade maior do que a de amar. O amor causa e é causa maior. Por amor a chama acende e nos ascende. Por amor nos apagamos e pagamos preço alto por nos recolhermos. Amor não pede recolhimento. Amor pede e nos garante motivação e entusiasmo. Amor inspira e nos possibilita fazer grandes coisas. O amor é o que conduz tudo e altera os fatos e muda a história.

Paixão? É turbilhão. Algo que deve acontecer pelo menos uma vez na vida, mas que desejaria acontecer a todo tempo. A paixão é a centelha luminosa que pode ou não levar ao amor. Apaixonado brilha. É taquicardia constante. Mas paixão não é só essa força que nos aproxima de outras pessoas. Há causas e objetivos que, vistos pelo prisma da paixão, se tornam apaixonantes. A paixão contagia!

Trabalho? Faz parte e é essencial para o alcance da felicidade. Faça algo que lhe dê prazer. O trabalho é mais do que função. É missão de vida. Se você recebe um dom, esse dom tem que ser aplicado ao trabalho dedicado de fazer a diferença.

Mistério? É tudo aquilo que não sabemos e que talvez nunca queiramos saber. Estamos sozinhos no universo? O que vem depois da morte? Deus existe? As respostas a essas perguntas talvez não sejam o mais fundamental. A procura por elas sim. Daí vêm as nossas percepções de tudo. A essência é imutável, mas a sua evolução é inevitável. Somos seres em construção constante. A percepção é por onde caminhamos pela fina corda-bamba que é o destino. Assim, tempo, morte, vida. Felicidade, coragem, amor, paixão. São questões tão humanas, tão nossas... São milagres, cuja divindade esquecemos no canto do cotidiano, mas que fazem morada em nossos peitos como canções que tocam e não ouvimos. Para e escuta. Observa e compreende mais do que entende. Entender não é obrigação e é burrice se dar essa obrigação. Viver é melhor que explicar. Pelo menos essa é a minha percepção, meu ponto de vista. Qual é o seu?  



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Wanderson Nogueira

Wanderson Nogueira

Observatório

Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.

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