Observatório - 09/11/2013

Ela olhou para mim com olhar de quem tem medo e esperança. Olhar cheio de lágrimas que invadiram o meu olhar também que sereno desviou-se para o céu como quem pede, mas também agradece. Pede um coração novo. Pede mais tempo. Pede colo. Agradece pela vida. Agradece pelo tempo concedido. Agradece o conforto. 

Eu olhei para ela e tentei por muitas vezes não chorar. Ela me quis forte e eu tenho que fingir ser mais forte do que realmente sou. Eu preciso ser fortaleza para quem sempre foi castelo dos meus anseios, sonhos e desafios. Eu quis abraçá-la e abracei. Eu quis beijá-la a face e beijei. Eu quis dizer que a amava e sem receios, sem prudência. Disse: "Você é a mulher mais importante da minha vida!”. E não haverá outra!

Deus, ela só precisa de um coração novo. Um coração novo para quem tem alma de Maria e pensamento de guerreira. Um coração novo para novos dias, novos olhares em velhos amores.  

Quero sorrir de novo o sorriso dela. Quero sentir de novo o drama de quem é perito no assunto e me é professor. Quero brigar de novo só para ter o perdão minutos depois. Quero o conselho que me instiga. Quero a verdade que me mastiga. Quero as recordações para além das fotos. Quero até as decepções momentâneas que à frente me mostram como sou injusto e como preciso aprender a ser justo! Quero mais tempo ao lado dela porque sou ingenuamente egoísta, mas acima de tudo porque sei que ela quer ficar e eu sinto isso! 

A felicidade existe e é tão simples... Está no cheiro do café da manhã; no pastel dormido de carne de porco; no cheirinho do cangote que aconchega o rosto de quem pede proteção; no abraço apertado; na recusa em ir à roça e vai só para agradar; na cor do esmalte da mão que acaricia a face; na laranja descascada com ternura; nas canções que o rei fez para mim, para ela, para nós; nos ponteiros do relógio de quem insiste em dar presentes caros achando que é isso que a torna marcante e inesquecível.

Eu gosto das canções do Roberto de berço, porque de berço na vitrola já tocava seus vinis. Eu gosto de ver novelas mexicanas, porque de menino, juntos no sofá da sala víamos outras Marias sofredoras e guerreiras encontrando sabe se onde força para seguir. Eu gosto de ser ciumento, porque de muito tempo me acostumei com os intermináveis dramas de quem me ensinou um jeito de chamar a atenção. Eu gosto de chorar quando tenho vontade e de rir quando dá na telha, porque meu espelho chora quando quer e ri com boca na orelha quando dá vontade. Espontaneidade desse amor louco e insubstituível de quem pode até trocar de coração, mas jamais trocará de afeto.

Olha para mim mais uma vez! Sou eu quem diz agora: "Vai ficar tudo bem! Estamos todos bem!”. Aprendi com você a fazer tudo ficar bem! Eu tenho esperança do tamanho das montanhas do lugar que nasci. Eu aprendi a enfrentar leões. Não os seus tão ferozes. Mas com amor a gente intimida o ódio e faz os maus desabarem. Não tenha medo. Vibra porque se não sabe tocar violão, Deus ouve o pulsar do seu imenso grande coração. Esse coração fica, mesmo cansado indo... O coração do espírito é a essência que não muda nunca.

Perdoe-se por ter matado aquele gato que você nem sabe se matou mesmo. Se o maior erro da sua vida foi essa intenção, não é agora que você vai querer passar um dia no inferno dos gatos, né? Deixa pra bem depois, porque esse céu que é a terra ainda precisa de seus atos angelicais. Um anjo, no tempo dos céus, te dará um novo coração, pois ainda há canjiquinha por fazer, costuras para coser, gente para amar, cristandade para provar...    

Um coração novo para ela. As velhas lembranças ficam — eu sei. O jeito único também. Para com essa besteira de não gostar de tirar fotos! Você é linda, a mais linda do mundo inteiro todo. Não dê essa importância toda para o que não merece. Venha o que vier. Seremos felizes como sempre fomos com todas as dificuldades do caminho. Tira do rosto essas rugas de preocupação. Botox agora não! Por favor! Volta logo para casa! Meu repetido te amo te aguarda! Meu abraço te espera. Meu aconchego de filho também!