OBSERVATÓRIO - 08/10/2014

terça-feira, 07 de outubro de 2014

Hoje é dia

  • do Asfaltador
  • do Nordestino
  • pelo Direito à Vida


O dia

Em 1967, o guerrilheiro Ernesto "Che” Guevara foi capturado pela CIA, na Bolívia. Ele foi um dos principais responsáveis pela Revolução que aconteceu em Cuba, quase uma década antes. Durante a ditadura brasileira, o Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8) usaria o fato para batizar sua organização.

 

De saudades e sonhos

"Algum dia, 

em algum lugar, 

haverá de se encontrar

consigo mesmo.

Que seja o melhor dos teus momentos 

ou a pior das tuas horas.”

Era imensa a saudade de escrever aqui, diariamente, e dividir com vocês mais do que informações, mas, acima de tudo, sonhos. Estou de volta ao meu divã — brinco.

Na escrita, me revelo. Na literatura cotidiana de jornal, me exponho sem medo de dizer o que penso e de me mostrar, descaradamente, quem sou.

Vocês, que me acompanham desde 2007, quando estreei neste jornal, sabem bem que desde que me tornei político evito falar do tema. Hoje, no entanto, é inevitável.

Com a devida licença momentânea, reforço o compromisso da minha profissão: sou jornalista de formação, opção e de alma. Política é passagem. Estou viajando nela, não sei até quando...

Quando estamos em uma campanha política, fazemos um mergulho profundo em saudades e sonhos. Os encontros nos lembram de onde viemos e quem somos.

Na feira de Olaria, um senhor me parou e perguntou se eu me lembrava dele, da Rua Manoel Vicente Sobrinho. Confessei que não. Ele perguntou: "Você não morava na Rua Juruá, quando criança?”. Respondi que sim, já curioso. Então, ele me relembrou algo de que já havia esquecido: "Você vendia latinhas para o meu ferro-velho”.

Devia ter sete, oito anos. Antes de me tornar garoto CEU, do estacionamento rotativo da cidade, vendia latas que catava pelo bairro de Olaria. O dinheiro servia para comprar doces e belisque por grama na Bomboniere São Roque.

Nostalgias doces que me comprometem com o mundo dos sonhos.

De repente, o menino das latas, o garoto da Mascote Calçados, o jovem professor, inspetor de alunos do Anchieta, radialista e jornalista se torna vereador, deputado. O deputado de Nova Friburgo, o representante estadual da minha cidade.

Talvez, o meu maior desafio não seja ser o tal representante do município e da região. Possivelmente, o meu grande desafio seja provar às pessoas que sonhos se realizam e que é possível se esquecer de acordar. Entrar para a história não importa. Mas inspirar as pessoas, isso sim é fundamental para se deixar legados. Assim, devemos teimar na nossa capacidade de sonhar e ter fé nos sonhos que temos!

Se os sonhos alimentam o hoje e o amanhã, é a saudade que nos dá a base, a fundação para tudo que fundamentamos de futuro. A saudade baliza, conduz — se percebermos a raiz de nossas origens.

Sou filho de costureira, retirante da então empobrecida Trajano de Moraes, cujo maior talento não era de onde vinha, mas sua persistência, generosidade e troca do que queria pelo o que os outros precisavam. Sou filho de consertador de fogões que sempre me impôs o respeito e o trabalho como forma de se tornar homem. Sou friburguense desses que se orgulham de sua cidade e que a amam tanto, mas sem ter a cegueira de não enxergar os problemas que existem. Vejo além das montanhas; convido que sejamos homens da montanha mas que vejamos também o horizonte e além dele. Que sintamos o sol e dele tiremos a luz para nos tornarmos também pequenos sóis que enfrentam as sombras a fim de ocupar os espaços.

É sol para mim os que aqui estão, os que ainda virão e os que estão já lá do alto, me observando e me alimentando de conselhos com suas histórias e vivências que me concederam. Milagres. Minha mãe, minha irmã, Regina, Laercio Ventura, Swian, Marquinho, Hugo, Luiz Felipe Caetano e tantos outros que me conduziram ao que sou e ao que disse a eles que um dia eu seria!

Que a saudade se costure aos novos dias e ao que virá — fé, disposição e trabalho. Mas acima de tudo, fé!


Palavreando

Minha cidade não tem mar, mas tem o luar mais lindo que qualquer outro lugar.

 



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Wanderson Nogueira

Wanderson Nogueira

Observatório

Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.

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