OBSERVATÓRIO - 07/02/2015

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Hoje é dia de crônica

 

Conversa de botas batidas

Há dias em que falamos o que pensamos. Sem filtros. Sem receios. Metralhadora sem liquidificador que liquida tudo. Talvez, todo dia seja dia de se falar o que pensa. Sem surpresas desagradáveis. Sem suspeitas de decepções. "Sem bola nas costas”, como diriam os moleques da rua de cima. Dar um ‘que se dane’ para o que os outros vão achar. E que se danem as consequências! 

Ah! Medir os passos pelas consequências... É o que fazemos! Ou há alguém que tenha a pretensão de dizer: eu não acho, tenho certezas?!  

Tomar doses de verdade nuas e cruas não é perigoso. Perigo está em combinar doses de verdade nuas e cruas com petiscos de impaciência. Seria como misturar energético ou antibiótico com bebida alcoólica. Não mata, mas é desaconselhável. 

Não sei, mas há dias que dá vontade de mudar tudo. Mais do que os objetos das prateleiras ou os vasos de flores de lugar. Mais do que trocar o guarda-roupa todo ou mudar de profissão. Dá vontade de enviar cartas-bombas para alguns endereços. Mandar certas histórias para o quinto dos infernos — e alguns de seus personagens junto. Dá vontade também de implodir essas estratégias de não se pode fazer isso ou dizer aquilo e falar tudo o que se sente para quem se adora e se ama.

Eu não tenho coragem. Minha coragem é ingenuidade. Entro e me jogo, acredito e confio, vou de cabeça porque até que me provem o contrário vale a pena ter essa fé. Sem amarras, sem desconfianças. Impeditivos não existem e empecilho é palavra que não se lê neste dicionário. A fé é repleta de ingenuidade, pois por si só impede poréns ou porquês. Se abalada, aí sim já não é mais ingênua. Talvez, nem seja mais fé e sim, ciência.

Você tem ciência de que o tempo é findável. Você tem fé de que o que vem depois do fim é eternidade? Você tem fé de que será feliz!

O temor em machucar alguém é desculpa para não se machucar. O medo de sonhar antevê ao próprio sonho. Só sonhando e agindo se corre o risco de tornar realidade. Sonho sem ação não tem risco algum de ser qualquer outra coisa que não sonho. 

Momento errado é desculpa esfarrapada. É sempre momento certo de dizer sim ou não. Recuar não é sanidade, nem insanidade, pode ser sabedoria. Mas na loucura de ser feliz se segue em frente muitas das vezes ficando. Só temos medo do que vale a pena?

Vomitamos um monte de verdades no tempo. Engasgamos. Refluxos são corriqueiros. Inspiração nasce da intensidade e intensidade assusta ao mesmo compasso que apaixona. Estar disposto é a melhor das missões. 

É preciso entrega. O mundo está carente de entrega. O vento pede entrega para não ter que roubar as folhas caídas no chão ou as que ainda se prendem aos galhos. Se entrega... O mundo pede verdade, mas não verdade que se opõe à mentira, mas verdade que não conhece o que é possibilidade de mentir.   

Convida o mundo para o seu mundo e o chama de seu! Teme pervertê-lo? O equilíbrio nem sempre é paz. Na corda bamba, o equilíbrio é enfrentar a tensão, continuadamente, até estar seguro. Paz boa é festeira, risonha, tem ausência de silêncio e certa inocência pecaminosa. Experimenta a busca pela flor delicada com sabor doce. Experimenta aquilo que não conhece ou apenas supõe. Antes de o mundo te engolir, conhece o mundo por inteiro e seja a parte que torna o mundo completo de fato.


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Wanderson Nogueira

Wanderson Nogueira

Observatório

Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.

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